O presente estudo teve por objetivo avaliar a fertilidade do sêmen convencional e sexado utilizado em vacas Nelore multíparas que receberam tratamento com PGF2α no momento da inseminação artificial (IA) e expressaram diferentes intensidades de comportamento de estro (com ou sem expressão de estro) em um protocolo de IATF. Adicionalmente o estudo avaliou laboratorialmente as amostras de sêmen sexado e convencional a fim de comparar as características seminais in vitro com os resultados de fertilidade obtidos a campo. No experimento a campo, foram avaliadas as taxas de concepção (TC) de vacas multíparas lactantes da raça Nelore locadas em duas fazendas comerciais de gado de corte (fazenda 1: n=348 e fazenda 2: n=355). Em ambas as fazendas, as vacas foram submetidas ao mesmo protocolo de IATF. Quarenta e oito hs após a remoção do dispositivo de Progesterona (dia 11; D11), a IA foi realizada com sêmen convencional ou sexado de dois touros diferentes, de forma aleatória. Adicionalmente, no momento da IA, as vacas receberam, aleatoriamente, 12,5 mg im de dinoprost trometamina (Dinoprost; Lutalyse®; tratamento PGF) ou 2,5 mL im de soro fisiológico estéril (Controle). O comportamento estral foi aferido no D11 (momento da IATF) pela ativação do dispositivo estrotect®. Os dados foram analisados por regressão logística a um grau de significância de 5%. No experimento laboratorial, foram avaliadas amostras de sêmen sexado e convencional dos dois
touros (touros 1 e 2), utilizados na fazenda 1 deste estudo. Foram analisados parâmetros convencionais de qualidade espermática, avaliação da integridade de membrana plasmática (pelo teste hiposmótico), análise computadorizada do sêmen (CASA) e avaliação de morfometria e parâmetros da cromatina espermática pelo Azul de Toluidina. Os dados laboratoriais foram analisados por ANOVA considerando 5% de significância. De acordo com os resultados do estudo a campo, a TC geral foi de 32,8% na Fazenda 1 e 42,3% na Fazenda 2 (P = 0,01). Escore de condição corporal (P = 0,02), comportamento estral (P=0,01) e tipo de sêmen (P <0,001) foram fatores que afetaram a TC. Vacas inseminadas com sêmen convencional tiveram 2,73 vezes mais probabilidade de tornar-se gestantes do que vacas inseminadas com sêmen sexado e vacas exibindo estro tiveram 2,5 vezes mais chance de gestação do que vacas que não exibiram estro. Nenhum efeito do tratamento com PGF2α (P=0,67) foi detectado em vacas que receberam sêmen convencional ou sexado. Ainda assim, foi detectada tendência estatística de interação (P=0,08) entre o tratamento (PGF ou controle) e o comportamento estral (estro ou não). O tratamento com PGF2α no momento da IA aumentou em 70% a TC das vacas que não expressaram estro. Nas análises laboratoriais, o sêmen convencional de ambos os touros apresentou maior (P<0,05) motilidade visual, concentração espermática, espermatozoides móveis na palheta e integridade de membrana plasmática em relação ao sêmen sexado. Nas avaliações pelo sistema CASA, motilidade total (MT) e progressiva (MP) foram significativamente menores nas amostras de sêmen sexado em relação ao convencional no touro 1 (P<0.05). A amplitude de deslocamento lateral de cabeça (ALH) foi maior (P<0.05) no sêmen sexado comparado ao sêmen convencional nos dois animais avaliados. Os resultados de análise morfométrica demonstraram que o touro 2 apresentou menor elipsidade nos espermatozoides sexados em relação ao sêmen convencional (P<0,05), enquanto no touro 1 foi observado menor Fourier1 no sêmen sexado em relação ao convencional. Não foram observadas diferenças na descompactação e heterogeneidade do DNA, quando comparados sêmen convencional e sexado em ambos os touros. Concluiu-se que a fertilidade do sêmen sexado foi menor do que o sêmen convencional, independente do tratamento com PGF2α. Porém, vacas que não apresentaram estro e receberam o tratamento com PGF2α no momento da IA demonstraram TC semelhante às vacas em estro, independentemente do tipo de sêmen. Além disso, o processo de sexagem prejudicou diversas características de viabilidade espermática, bem como parâmetros cinéticos e morfométricos dos espermatozoides que estão relacionados com menor capacidade de fertilização deste tipo de sêmen.
Palavras-chave: fertilidade, prostaglandina F2α, sêmen sexado, morfometria, DNA.
Dr.(a). Letícia Zoccolaro Oliveira – Presidente – Orientador(a)
Dr. Gabriel Augusto Monteiro
Dr. Rogério Fonseca Guimarães Peres
Dr.(a). Janaína Torres Carreira
Dr. Antônio de Pinho Marques Junior
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