A brucelose bovina, causada pela Brucella abortus, tem grande importância por ocasionar abortos, particularmente no terço final da gestação. O estudo da interação entre B abortus e a célula trofoblástica é fundamental para o entendimento da patogênese da placentite induzida por B. abortus. Com objetivo de estudar o perfil de expressão gênica na placenta bovina durante a infecção por B abortus estabeleceu-se o cultivo de trofoblastos através de explantes da membrana cório-alantóidea, como alternativa para o estudo ex vivo da patogênese da brucelose bovina. Foram confeccionados explantes da membrana córioalantóidea e estabelecidos dois grupos experimentais: controle e infectado. A infecção foi procedida com a amostra de referência B. abortus 2308 (1,0 x 107 UFCs) por quatro horas para para avaliação do perfil de expressão gênica e por seis e 12 horas para avaliação da expressão de citocinas e quimiocinas na célula trofoblástica. Adicionalmente, foram utilizadas nesse estudo amostras de placentomos de vacas experimentalmente infectadas. Os resultados de microrranjo demonstraram que, após quatro horas de infecção, ocorreu uma supressão na expressão de genes associados a resposta inflamatória em células trofoblásticas nos explante de placenta bovina. A infecção dos explantes resultou na elevação significativa da expressão dos mediadores da resposta inflamatória, GCP-2 e IL-8, às 12 horas, mas não às seis horas após a infecção. No placentomo das vacas experimentalmente infectadas foi observada elevação na expressão de quimiocinas e citocinas pró-inflamatórias tanto em animais com gestação a termo quanto em animais que abortaram. A resposta pró-inflamatória dos trofoblástos durante a infecção por B. abortus, não foi observada nos estágios iniciais da infecção, porém, mais tardiamente, a expressão de quimiocinas por células trofoblásticas e placentomos pode ter papel importante no desencadeamento do processo inflamatório da placenta e, consequentemente, aborto.

Palavras chave: Brucella abortus, bovino, placenta.