TESTA, M. F. Níveis de metabólitos fecais de glicocorticoides em indivíduos de muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus Kuhl, 1820) translocados. [Fecal glucocorticoid metabolite levels in individuals of northern muriqui (Brachyteles hypoxanthus Kuhl, 1820) translocated]. 2022. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais , Belo Horizonte, 2022.
O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é um primata criticamente ameaçado de extinção, com menos de mil indivíduos em vida livre e apenas oito em condições ex situ. O fomento de pesquisas acerca de sua fisiologia, associada à sua avaliação endocrinológica em resposta a eventos sociais e comportamentais, é uma estratégia de grande valia para a conservação da espécie in situ e ex situ. A análise hormonal de esteroides em animais silvestres permite, a longo prazo, o monitoramento da função esteroidal. Os níveis de glicocorticoides, especialmente se obtido a partir de amostragem não invasiva, pode ser usado como um dos parâmetros de análise do bem-estar animal, permitindo a avaliação da resposta fisiológica às modificações ambientais. Apesar de evidências de que esses hormônios desempenham um papel relevante na regulação do metabolismo em eventos de estresse percebidos ou reais, nada se sabe sobre a influência dos fatores estressantes envolvidos em eventos de translocação e na liberação de metabólitos fecais glicocorticoides (MFG) em animais translocados. Neste contexto, o presente trabalho possuiu como objetivos avaliar as concentrações de MFG ao longo de nove meses, por meio da técnica de enzimaimunoensaio em amostras fecais de indivíduos de Brachyteles hypoxanthus ex situ translocados de vida livre para um recinto semi-natural, e assim verificar se os eventos sócio-sexuais e de introdução de um novo indivíduo influenciaram nas concentrações fecais destes metabólitos nesses animais. Para isso, coletou-se fezes e dados comportamentais de dois machos e três fêmeas que vivem em um recinto semi-natural e foram comparados os comportamentos reprodutivos e sociais com os dados obtidos acerca dos níveis de MFG.
Para a maioria dos indivíduos estudados (com exceção de uma fêmea prenhe), verificamos ausência de sazonalidade na excreção de MFG (Mann-Whitney, p>0,05), altos níveis de MFG durante a gestação em uma fêmea (média de 145,4 ng/g de fezes secas) e níveis altos de MFG em uma fêmea translocada durante sua etapa de ambientação (63 dias com média de 231,7 ng/g de fezes secas). A constatação da influência negativa do recinto de aclimatação e do evento de translocação nos níveis de MFG no animal transferido durante o estudo, e a mensuração dos níveis dos MFG em muriquis-do-norte em cativeiro durante este processo, lança luz acerca de novas estratégias para translocação, indicam a necessidade de alterações no recinto de aclimatação, como o distanciamento dele de outros animais, maior dimensionamento e pontos de abrigo, para diminuição do nível de estresse nesta fase, e possibilita avaliar de que forma o cativeiro está influenciando nos MFG dos animais que já foram translocados. O nível de bem-estar dos animais translocados deve ser melhorado, incluindo estes resultados nas diretrizes de práticas de manejo e fornecendo melhorias no sistema de translocação de muriquis-do-norte. Ao mesmo tempo, com estes dados pode-se aprimorar as estratégias de conservação ex situ e in situ, tão importantes para a conservação desta espécie criticamente ameaçada.
Palavras-chave: Conservação. Endocrinologia. Primatas. Enzimaimunoensaio.
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