A importância da transmissão transplacentária dos parasitos e hemopatógenos é de grande importância para o entendimento da epidemiologia das doenças. O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de transmissão transplacentária em fetos bovinos em diferentes períodos gestacionais. Para isso foram coletados 236 fetos em um frigorífico localizado na cidade de Divinópolis/MG e analisados através de amostras de sangue e órgãos por nested PCR os protozoários dos gêneros Babesia spp., Theileria spp. e as espécies Neospora caninum e Trypanosoma vivax, também foram avaliadas as hemobactérias Anaplasma marginale, Anaplasma bovis, Anaplasma phagocytophilum, Ehrlichia minasensis e ‘Candidatus Mycoplasma haemobos’. Pela técnica de RIFI os agentes B. bovis, B. bigemina, A. marginale e T. vivax foram também testados. Desses 236 fetos, foram encontrados 117 fetos positivos para N. caninum, representando uma prevalência total de 49,6%. Quando foi avaliado o número de fetos estudados por trimestre gestacional a prevalência de 0 a 90 dias foi 54,79% (40/73); 91 a 180 a prevalência foi 43,01% (40/93) e 181 a 280 dias de gestação a prevalência encontrada foi 52,85% (37/70). Não foi encontrado diferença estatística entre a transmissão transplacentária de N. caninum nos três trimestres gestacionais. Os fetos positivos para A. marginale foram encontrados nas amostras de sangue, mostrando que este é o material ideal para pesquisa deste agente, uma vez que os mesmos fetos foram pesquisados nos órgãos (pool cérebro e baço) e sangue. A prevalência de A. marginale no sangue foi 17,93% (26/145) e a prevalência de fetos positivos na nPCR juntamente com a RIFI foi 19,31% (28/145). A prevalência encontrada por trimestre gestacional de acordo com total de fetos avaliados em cada fase foi 16,04% (13/81) de 91 a 180 e 23,3% (14/60) de 181 a 280 dias de gestação. Com relação as espécies B. bovis e B. bigemina, todos os animais avaliados foram negativos pelo nPCR e o primeiro agente não foi encontrado também pela técnica de RIFI, já B. bigemina teve uma prevalência de 6,2% (9/145). O diagnóstico para B. bigemina foi realizado pela técnica de RIFI, sendo que desses nove fetos positivos, sete estavam no último trimestre da gestação e dois no segundo trimestre gestacional. Todos os fetos positivos para o agente ‘C.M. haemobos’ também foram encontrados nas amostras de sangue, mostrando que este é o material ideal de coleta para detecção deste agente, semelhante ao encontrado com A. marginale. A prevalência de ‘C. M. haemobos’ no sangue foi 42,75% (62/145). A prevalência encontrada por trimestre gestacional de acordo com total de fetos avaliados em cada fase 41,9% (34/81) de 91 a 180 e 43,3% (26/60) de 181 a 280 dias de gestação. Os protozoários T. vivax, Theileria spp. e as Ehrlichia monocíticas e granulocítica não foram encontrados nesse trabalho. Neste estudo aproximadamente 70% dos fetos eram positivos para um ou mais parasitos pesquisados e 30% foram negativos. Considerando as infecções com apenas uma única espécie, N. caninum é o patógeno mais prevalente, seguido de ‘C. M. haemobos’, A. marginale e B. bigemina, que possuem prevalências individuais mais baixas. Considerando as infecções com duas espécies, há uma maior prevalência de coinfecções entre N. caninum e ‘C. M. haemobos’. Considerando as infecções com três espécies, o trio mais prevalente é N. caninum, ‘C. M. haemobos’ e A. marginale. Não foram observadas associações significativas entre duplas de patógenos, com exceção de ‘C. M. haemobos’ e A. marginale.

Palavras chaves: Epidemiologia; Hemoparasitos; Transplacentária.