O gênero Staphylococcus apresenta grande relevância para a medicina humana e medicina veterinária, sendo composto, até o momento, por mais de 75 espécies. Estafilococos podem ser encontrados como parte da microbiota natural de animais e humanos, mas também como agente oportunista em processos infecciosos. Por sua alta capacidade em adquirir, abrigar e transmitir genes de resistência a antimicrobianos, este gênero bacteriano tem muita relevância em saúde pública, sendo de grande importância seu constante monitoramento não apenas na saúde humana, mas também nos animais domésticos e na vida selvagem, ambos descritos como parte essencial dessa cadeia epidemiológica. Diante da escassez de dados sobre a epidemiologia de estirpes multirresistentes de Staphylococcus spp. em cães no Brasil e em animais silvestres no mundo, os objetivos deste estudo foram: (1) avaliar a dinâmica de infecção/colonização, os fatores de risco, a diversidade genética e a resistência a antimicrobianos de estirpes de S. pseudintermedius isoladas de cães nos ambientes de clínica e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais ; (2) avaliar a ocorrência, distribuição e perfil de resistência a antimicrobianos de Staphylococcus spp. em diferentes espécies de animais silvestres, incluindo roedores, marsupiais, carnívoros, pombos e jabutis. Na avaliação de isolados oriundos de quadros infecciosos em cães, o presente estudo mostrou uma alta frequência de estafilococos multirresistentes (MDR), sobretudo S. pseudintermedius resistente a meticilina (MRSP). Isolados de ferida cirúrgica apresentaram uma maior frequência de resistência quando comparado com os demais quadros clínicos estudados. Os isolados MRSP foram alocados dentro do complexo clonal (CC) 71, de reconhecida importância mundial, ou entre nove novos sequence type (ST) pertecentes a outros CCs. No estudo sobre a dinâmica de colonização de Staphylococcus spp. na UTI, 21,6% dos cães com isolamento estafilocócico apresentaram estirpes MRSP, enquanto 5,9% apresentaram estirpes de S. aureus resistentes a meticilina (MRSA). Estirpes MRSP resistentes a nove classes de antimicrobianos, com perfis de resistência idênticos, foram observadas em diferentes cães durante todo o período de experimento, o que sugere a possibilidade de circulação de um clone entre os animais. Cães com estas estirpes, supostamente clones, apresentaram maior tempo de internação que aqueles colonizados por outras estirpes MRSP. A aquisição de MRSP durante a internação na UTI foi associada ao: sexo (fêmeas), idade (>7 anos) e cães que fizeram uso prévio de antimicrobianos. Nos estudos sobre distribuição e perfil de resistência em diferentes animais silvestres, todas as espécies apresentaram estirpes resistentes a antimicrobianos e, com exceção dos jabutis e marsupiais, todas apresentaram estirpes MDR. Destaca-se ainda a detecção de S. intermedius e S. delphini em quatis, e S. pseudintermedius em lobo-guará, sugerindo dois novos hospedeiros de bactérias do grupo S. intermedius (SIG). Novos STs de S. pseudintermedius foram relatados em lobos-guarás e demonstraram algumas semelhanças com linhagens anteriormente isoladas de cães no Brasil. O presente estudo relatou ainda, pela primeira vez na literatura, S. felis em animais silvestres, especificamente em duas onçaspintadas e um lobo-guará. Este trabalho reforça a hipótese de que cães e animais silvestres podem atuar como reservatórios e disseminadores de estafilococos patogênicos e resistentes a múltiplos antimicrobianos.
Palavras-chave: Multirresistência, resistência à meticilina, Grupo S. intermedius (SIG), S. aureus, S. pseudintermedius, S. felis
Titulares
Prof. Rodrigo Otávio Silveira Silva (Orientador)
Prof. Marcelo Pires Nogueira de Carvalho
Profa. Adriane Pimenta da Costa Val Bicalho
Prof. Leonardo Borges Acurcio
Profa. Prhiscylla Sadana Pires
Suplentes
Profa. Maria Isabel Maldonado Coelho Guedes
Prof. Guilherme de Campos Tavares
Prof. Guilherme Guerra Alves
Co-Orientador
Henrique César Pereira Figueiredo
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