As endoparasitoses caninas representam um desafio para a Saúde Única devido ao caráter zoonótico que alguns parasitos podem representar, especialmente para as pessoas que trabalham diretamente com estes animais, como em ambiente de abrigos. Como já foram documentadas resistência em Ancylostoma caninum ao pirantel e aos benzimidazóis, o objetivo da presente pesquisa foi analisar o perfil hematológico,

bioquímico sérico e parasitológico de cães provenientes de um condomínio (estudo 1) e de um abrigo comunitário (ONG GAPA/Lagoa Santa) do município de Lagoa Santa/MG, sendo as avaliações na ONG antes e após a vermifugação dos animais com pamoato de pirantel (estudo 2) e mebendazol (estudo 3). Os parasitos mais encontrados foram Ancylostoma sp. (39%), Toxocara canis (3%) e Trichuris vulpis (6%), sendo, os dois primeiros, parasitos considerados de maior importância, por causar as síndromes conhecidas como “Larva Migrans Cutânea” e “Larva Migrans Visceral e Ocular”, respectivamente. Dentre as alterações laboratoriais mais encontradas, destacou-se a anemia, observada em ~11%, a eosinofilia em ~44% e a trombocitopenia, observada em 50% dos animais avaliados. Nas condições em que este experimento foi realizado não houve evidência suficiente para afirmar casos de resistência parasitária em cães tratados com pirantel e mebendazol, porém os resultados despertam atenção sobre a importância da vigilância e do uso mais cauteloso de drogas anti-helmínticas em cães, além do cenário de que nem sempre a população exposta aos riscos de zoonoses tem alcance ao conhecimento sobre estas, fazendo-se necessário programas de educação sanitária, com a participação de profissionais relacionados à saúde e saneamento ambiental.

Palavras-chave: zoonoses, parasitose intestinal, alterações hematológicas e bioquímicas, resistência anti-helmíntica.