A brucelose é uma doença infecciosa considerada como uma importante zoonose de proporções mundiais, causada por bactérias do gênero Brucella as quais induzem infecção de caráter crônico e quase sempre assintomática. Acomete várias espécies de animais podendo ser transmitida para a espécie humana por meio de alimentos contaminados, principalmente leite cru e seus derivados. A principal espécie de Brucella que acomete os bovinos é a Brucella abortus. Nestes animais, a doença causa prejuízos em função das alterações reprodutivas principalmente. A doença é enzootica no Brasil, dessa forma, as medidas de controle nos animais domésticos é a principal forma para o seu controle no ser humano. Em 2001, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) lançou o programa nacional de controle e erradicação da brucelose (PNCEBT) que juntamente com a tuberculose constituiu importante programa sanitário para o controle e erradicação de ambas as doenças. O conhecimento das prevalências e as medidas sanitárias preconizadas foram formados basicamente pela vacinação em massa dos animais e realização de testes sorológicos para a detecção de animais infectados. Os testes sorológicos utilizados no Brasil são baseados no antígeno imunodominante do lipopolissacarídeo liso (S-LPS) da bactéria, mais precisamente a cadeia O. Entretanto, reações falso-negativas ou falso-positivas podem ocorrer. Com o intuito de superar essa limitação, novos antígenos têm sido avaliados. A proteína BP26 foi bastante estudada e considerada promissora para uso como antígeno. Este estudo avaliou uma proteína BP26 recombinante como antígeno em um teste rápido imunocromatográfico (rBP26-TRIFL) que pudesse ser utilizado a campo, com leitura visual rápida, sem necessidade de equipamentos laboratoriais e pessoal com capacitação específica. As características de desempenho analíticas e acurácia foram avaliadas em amostras de soro bovino positivos e negativos caracterizados pelos testes antígeno acidificado tamponado (AAT) e soroaglutinação lenta (SAL/2-ME), sendo observadas sensibilidade e especificidade analíticas de 73,91% (IC 95%: 51,59% – 89,77%) e 97,14% (IC 95%: 90,06% – 99,65%), respectivamente. As características de desempenho diagnósticas foram avaliadas utilizando-se 467 amostras de soro bovino, caracterizadas também pelos testes AAT, SAL/2-ME, provenientes dos vários estados brasileiros em diferentes situações epidemiológicas. A sensibilidade (DSe) e especificidade (DSp) diagnósticas para o rBP26- TRIFL foram 5,73% (IC 95%: 2,65% – 10,60%) e 99,35% (IC 95%: 97,69% – 99,92%), respectivamente. A acurácia diagnóstica foi de 67,88%. O cálculo do índice kappa apresentou valor igual a 0, indicando concordância baixa com os testes AAT, SAL/2-ME. Em conclusão, o teste rBP26-TRIFL apresentou um bom desempenho analítico, mas desempenho diagnóstico limitado, restringindo por ora sua recomendação de uso nos diferentes cenários epidemiológicos para o atendimento ao PNCEBT. Este estudo permitiu ainda demonstrar que um teste com bom desempenho analítico pode não apresentar, necessariamente, bom desempenho diagnóstico, indicando a necessidade de uma nova padronização da prova conforme objetivos de uso a campo de tal forma que ambas as avaliações sejam pertinentes para tomada de decisão mais acertada quanto ao seu uso por um programa sanitário.
Palavras-chave: Brucella abortus; BP26; sorologia; diagnóstico.
Dr.(a) Renato de Lima Santos – Orientador
Dr.(a). Jenner Karlisson Pimenta dos Reis
Dr.(a). Tatiane Alves da Paixão
Dr.(a). Sílvia de Araújo França Baêta
Dr.(a). Paulo Martins Soares Filho
Co-Orientador: Ricardo Toshio Fujiwara
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