A infecção por Clostridioides difficile é uma das principais causas de diarreia em seres humanos e animais. Em suínos, C. difficile é um importante causador de doença entérica na primeira semana de vida, levando a perdas econômicas pela redução de ganho de peso nos animais acometidos. Em adição à importância como patógeno em suínos, a similaridade entre isolados de seres humanos e animais sugere a possibilidade de transmissão zoonótica. Os isolados toxigênicos de C. difficile produzem as toxinas A (TcdA) e B (TcdB), principais fatores de virulência no quadro clínico da doença. As medidas de controle do agente são dificultadas pela formação de esporos, que possibilita à bactéria permanecer viável nos mais diversos ambientes por longos períodos. Dessa forma, a utilização de métodos imunoprofiláticos deve ser uma alternativa na prevenção à ocorrência da doença. No ano de 2021, foi disponibilizada no mercado brasileiro a primeira vacina comercial contra C. difficile em suínos, composta das toxinas A e B inativadas. Entretanto, até o momento, não existem estudos publicados avaliando esse imunógeno. O objetivo deste trabalho foi avaliar os níveis de anticorpos séricos em matrizes suínas e leitões neonatos após a ingestão de colostro de fêmeas imunizadas com a vacina comercial contra C. difficile. Fêmeas suínas gestantes foram divididas em dois grupos. No grupo vacinado, 12 fêmeas foram imunizadas às 6 e 3 semanas anteriores ao parto, enquanto no grupo controle (n=6) os animais foram vacinados no mesmo intervalo com um imunógeno contendo o mesmo adjuvante, mas sem os toxoides A e B de C. difficile. Soro sanguíneo das porcas foi coletado antes de cada vacinação. Entre 24 e 48 horas após o parto, foi coletado soro das porcas e de seis leitões de cada fêmea (n=72 leitões no grupo vacinado e 36 no grupo controle). Todas as amostras de soro foram submetidas à detecção de IgG por meio de ensaios imunoenzimáticos utilizando fragmentos das toxinas TcdA e TcdB. A vacina induziu a formação de anticorpos IgG anti-TcdA e TcdB em matrizes suínas após a primeira e segunda dose (T1 e T2). Os leitões passivamente imunizados via colostro apresentaram níveis superiores de IgG frente aos antígenos TcdA e TcdB quando comparados com leitões amamentados por matrizes do grupo controle. Dessa forma, é possível inferir que a vacina comercial testada é capaz de induzir resposta imune humoral contra os fragmentos recombinantes de TcdA e TcdB de C. difficile em fêmeas suínas. Os anticorpos contra essas toxinas no soro desses animais são transmitidos passivamente para leitões neonatos, através do colostro.
Palavras-chave: diarreia neonatal; imunização passiva; resposta humoral; zoonoses.
Titulares:
Dr.(a). Rodrigo Otávio Silveira Silva (Orientador)
Dr.(a). Roberto Maurício Carvalho Guedes
Dr.(a). Jenner Karlisson Pimenta Reis
Dr.(a). Cecília Leite Costa
Suplentes:
Dr.(a). Erica Azevedo Costa