O estresse oxidativo ocorre quando há desequilíbrio entre a geração e remoção de espécies reativas de oxigênio nos processos metabólicos no organismo, e sua ocorrência já foi documentada na laminite séptica. Objetivou-se neste trabalho avaliar o estresse oxidativo nas lâminas dos cascos e sua relação com alterações clínicas e laboratoriais observadas em cavalos Mangalarga Marchador submetidos a dieta hipercalórica. Foram utilizados material biológico e dados provenientes de experimento anterior, no qual 9 equinos da raça Mangalarga Marchador tiveram aumento de peso e adiposidade induzidos por 5 meses. Durante este período, foram realizadas medidas morfométricas corporais e ultrassonográficas de gordura subcutânea, coletas de sangue, teste dinâmico de baixa dose de glicose oral, biópsias e radiografias latero-mediais de cascos. O capítulo 1 consiste em uma breve revisão de literatura sobre as principais causas e métodos diagnósticos da síndrome metabólica equina (SME). O capítulo 2 descreve o estudo do estresse oxidativo nos cascos dos animais com imunomarcação dos metabólitos superóxido dismutase 2 (SOD2) e 3-nitrotirosina (NIT). Dos 9 animais, 4 tiveram marcação leve para 3-nitrotirosina na amostra obtida ao final do período experimental. Os achados são evidência inédita da ocorrência de estresse oxidativo lamelar em cavalos na ausência de laminite séptica. Os animais, então, foram divididos em dois grupos – NIT+ (com marcação para nitrotirosina) e NIT- (sem marcação para nitrotirosina) para as avaliações dos capítulos posteriores. No capítulo 3 estes grupos foram comparados quanto às medidas morfométricas corporais e analitos obtidos pelas coletas de sangue (lípides, lipoproteínas, frutosamina, IGF-1, glicemia e insulinemia em jejum), e resultados dos testes dinâmicos de baixa dose de glicose oral. Neste capítulo também foram calculados os proxies G:I, MIRG, HOMA-IR, RISQI e QUICKI, e foi realizado teste de correlação do IGF-1 com as variáveis estudadas. Os animais do grupo NIT+ apresentaram menor altura de cernelha e desenvolveram de forma mais acentuada aumento de adiposidade, de indicadores de desregulação insulínica (DI) e de dislipidemia. Os resultados sugerem que o estresse oxidativo lamelar discriminou os animais mais susceptíveis a alterações metabólicas e morfométricas que poderiam culminar no desenvolvimento de SME. Os níveis de IGF-1 se correlacionaram com indicadores de DI e dislipidemia, corroborando com a hipótese de que este hormônio atua na SME. No capítulo 4 foram avaliados os parâmetros histológicos lamelares e os dados radiográficos de cascos dos grupos NIT+ e NIT-. Foram observadas mudanças na relação casco-falange e alterações no tamanho das lâminas epidermais mais acentuadas em NIT+. Desta forma, pode-se concluir que o estresse oxidativo lamelar destes animais decorre de maior propensão ao desenvolvimento de laminite endocrinopática por SME. Este estudo traz evidências pioneiras de que o estresse oxidativo lamelar, identificado pela marcação com 3-nitrotirosina, é fator importante no desenvolvimento de laminite endocrinopática em equinos com SME, havendo potencial de uso de seus marcadores na identificação de animais susceptíveis, mesmo antes da ocorrência de sinais clínicos.
Palavras-chave: laminite, nitrotirosina, obesidade, superóxido dismutase.
Rafael Resende Faleiros (Orientador)
Luciane Maria Laskoski
Geraldo Eleno Silveira Alves
Tiago Facury Moreira
Armando de Mattos Carvalho
Co-Orientador: Luiz Cláudio Nogueira Mendes
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