Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

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Tese e Dissertação

Análise bioeconômica do manejo do gato positivo para esporotricose como estratégia de política pública

Autor

  • Resumo do trabalho
    • Resumo do trabalho
      • A esporotricose, zoonose negligenciada e com crescente distribuição no Brasil e América do Sul, impacta a saúde e o bem-estar de homens e animais, principalmente o gato doméstico. Atualmente, apesar do Brasil ser o país com a maior incidência de esporotricose do mundo e do tratamento humano ocorrer via Sistema Único de Saúde (SUS), não há definido nacionalmente um programa de enfrentamento desta zoonose. Tendo em vista a gravidade da doença uma análise econômica de políticas públicas para o enfrentamento da esporotricose se faz necessária.

        O objetivo deste trabalho foi realizar análise dos custos do tratamento, castração e destino de gatos com esporotricose como política pública por meio de modelagem econômica e sugerir parâmetros prioritários para sua implementação, de acordo com as experiências publicadas na literatura. O modelo bioeconômico desenvolvido, permitiu a simulação do tratamento da esporotricose felina em uma população de 100.000 animais por um período de 365 dias, por meio do software @risk. O programa de enfrentamento proposto envolveu o diagnóstico, o tratamento adequado dos animais positivos, em mais de um ciclo se necessário, com protocolo condizente com as características do animal e do quadro clínico apresentado, a esterilização cirúrgica dos animais que recebessem alta, a eutanásia dos animais que não respondessem ao tratamento ou enfrentassem quadros graves e não tivessem tutor e a destinação para incineração das carcaças daqueles que evoluíssem à óbito, independente da razão. Foram utilizados parâmetros da literatura baseados em 15 artigos e uma dissertação de Mestrado publicados entre 2004 e 2024, além do banco de dados da Comissão de Saúde Única do Conselho de Medicina Veterinária de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais , referentes aos atendimentos na UFMG e na Prefeitura de Belo Horizonte entre os anos 2020 a 2022 para que o modelo matemático refletisse dados próximos à realidade.

        Como resultado, o custo médio anual estimado por gato em um Programa de Enfrentamento da Esporotricose foi de R$ 1.848, incluindo o diagnóstico (citologia e cultura), o tratamento com Itraconazol e Iodeto de Potássio (se necessário), consultas veterinárias a cada 30 dias, exames complementares (se necessário), castração do curado (se não castrado), eutanásia (se necessário), incineração da carcaça (se eutanasiado ou óbito). Foram identificados, através da análise de sensibilidade, que os custos que mais interferem no valor médio total por animal são, em ordem decrescente, com consultas veterinárias, medicamentos, castração e exames complementares (hemograma, ultrassom, perfil renal e hepático).

        A maior parte dos animais positivos eram machos, não castrados, com acesso à rua, apresentando três ou mais lesões em locais não adjacentes e sem sinais respiratórios. O maior custo simulado foi de um animal positivo, adulto, não castrado, com sinal respiratório e incluído nos dois ciclos de tratamento.

        São fatores importantes para a implementação de um programa de enfrentamento da esporotricose felina: acesso facilitado ao diagnóstico e medicamento, valendo-se de estratégias de busca ativa através de casos humanos; orientação correta dos tutores; alta no momento correto, após 30 dias da cura clínica ou 60 dias, se o animal apresentava sinais respiratórios, e eutanásia quando o prognóstico for desfavorável e o quadro incompatível com a vida, sempre decidida de forma ética por um médico veterinário; programa de manejo ético populacional em execução; destinação correta das carcaças e educação em saúde ocorrendo em todas as etapas, principalmente focada em temas como guarda responsável e prevenção de zoonoses.

        Com esse custo, um programa de tratamento durante o período de um ano seria capaz de curar aproximadamente metade dos animais positivos, destinar a carcaça da totalidade daqueles que evoluíram à óbito sem colocar em risco outros animais pela contaminação ambiental e castrar aproximadamente metade dos animais não castrados inicialmente.

        O custo médio por animal tende a diminuir se o município fizer a compra do medicamento por licitação e em maior quantidade, bem como se já contar com servidores médicos veterinários e um programa de manejo ético populacional consolidado.

        Sendo o gato a principal fonte de infecção da esporotricose zoonótica, conclui-se que o manejo do felino positivo como estratégia de controle da doença em humanos e animais poderia ser implementado pelos municípios brasileiros, associado às ações de educação com a população, manejo populacional dos gatos e destino adequado dos animais que morrerem pela doença. Novos estudos são importantes para analisar a redução de casos após o uso dessas estratégias.

        Palavras-chave: esporotricose, modelagem econômica, políticas públicas, economia em saúde, felinos.

Defesa

Banca

Titulares:

Dr.(a). Danielle Ferreira de Magalhaes Soares (Orientador)

Dr.(a). Isabela Dib Ferreira Gremião

Dr.(a). Maria Helena Franco Morais

Suplentes:

Dr.(a). Camila de Valgas e Bastos Castro

 

Orientador

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