Muitas críticas endereçadas à universidade, aos conteúdos do ensino que ela ministra e aos programas de pesquisa que desenvolve, devem-se ao distanciamento que se tem consolidado entre essa instância e os setores sociais adjacentes. As imputações de enclausuramento e as reivindicações da necessidade de ultrapassagem dos muros, entre os quais repousa, soberanamente, a elite detentora da produção e reprodução do conhecimento, constituem verdades inquestionáveis, que não se pode continuar ignorando indefinidamente, sob pena de comprometer ainda mais a legitimidade da instituição.
É com esse nível de preocupação que se concebe o presente projeto, que tem como finalidade estabelecer ou aprofundar a interação da Escola de Veterinária da UFMG com a sociedade na qual ela se encontra inserida, especificamente com o município de Pompéu-MG.
O projeto compreende uma proposta de utilização de uma rádio – A Rádio Local de Pompéu – como veículo de comunicação, objetivando estabelecer e/ou ampliar a integração da Escola de Veterinária com os setores da sociedade na qual ela se encontra inserida. A definição pela produção de programas de rádio constitui um fator relevante para a implantação e sucesso do projeto, por ser um canal de importante de comunicação com os produtores rurais. Outro fator é a disponibilidade de horário que a rádio do município franqueou para o projeto, sem no entanto interferir no conteúdo dos mesmo, implicando na maior facilidade de acesso e isenção de patrocínio, além de ofertar a rádio local um programa de rádio alternativo e ao mesmo tempo educativo, trabalhando assuntos técnico-cinetíficos na forma de entretenimento.
O rádio compreende um recurso de longo alcance, abrangente, que permite contatos ampliados com as populações rural e urbana, facultando os propósitos delineados no programa de Extensão Universitária ao qual o projeto se vincula e ao mesmo tempo ao Projeto de Desenvolvimento Institucional da Universidade e ou Plano Pedagógico dos cursos implantados na unidade. Trata-se, com efeito, de um meio que propicia o tipo de interação classificada como diferida e/ou difusa, isto é, atinge um público generalizado, porém, sem retorno imediato de respostas. Entretanto, essas limitações são passíveis de serem contornadas, e estão explicitadas na metodologia. Dada a complexidade dos trâmites e a necessidade de estrutura material e de amplo envolvimento de recursos humanos para empreender o projeto, no âmbito da Escola de Veterinária.
As ações a serem desenvolvidas compreendem iniciativas que, ao firmar o processo de interação desejado, com identificação das questões postas pelas comunidades, a prestação de serviços de utilidade pública, o treinamento e exercício de estudantes, professores e membros da população, todos se credenciando como atores sociais relevantes, proporcionarão maior visibilidade à Escola de Veterinária, que já desenvolve um programa de Extensão no município, tornando-a mais conhecida e reconhecida interna e externamente.
Atualmente é visível a carência desse intercâmbio da Universidade como instituição de referência e a população de um modo geral. Uma vez que esta é pouco considerada ante o bombardeio de notícias falsas, pela metade e, às vezes, alarmantes dos riscos e conseqüências de determinadas doenças e eventos. Cabe, portanto, à Escola de Veterinária, como instituição legítima e dotada de credibilidade, não apenas a oportunidade, mas a obrigação de se posicionar nestas questões.
Outra preocupação deste projeto será dar maior visibilidade aos projetos já desenvolvidos pela Escola de Veterinária da UFMG no município, possibilitando a integração a eles de um maior numero de produtores. Estes produtores interessados em participar do projeto passam a se comportarem como co-gestores, ampliando o impacto social destas ações. E devemos cumprir a função social da Escola de Veterinária, como instituição universitária pública, no que tange ao papel de ouvir, dialogar e prestar informações à sociedade, promovendo a divulgação científica por meio da produção de programas de rádio.
Em 06/08/2022 a equipe visitou o Mercado Municipal da cidade de Pompéu para entregar e discutir o programa de rádio com o Gaiteiro, agricultor familiar que demandou os programas. Em seguida, se deslocaram até a rádio da cidade, mas não foram atendidos. Mesmo diante das dificuldades enfrentadas durante a pandemia na confecção de novos programas, foram utilizados programas gravados anteriormente, mantendo o envio semanalmente, contabilizando 78 programas enviados entre outubro/2022 e maio/2022. Atualmente os envios encontram-se suspensos, devido a novas negociações com a rádio local para produção de novos programas e retomada das transmissões. Neste sentido articulação estão sendo feitas para a veiculação dos programas em novos espaços das rádios locais.