A agricultura familiar vem ganhando um destaque sem precedentes na história do Brasil. Entretanto, este grupo constitui a classe historicamente excluída do meio rural, não sendo alvo das políticas de desenvolvimento rural, assistência técnica e inclusão a mercados.
A agricultura familiar apenas terá sua inclusão, social e mercadológica, após surgirem políticas municipais para o acesso dos produtores familiares aos mercados locais, fomento a ações associativas e cooperativas e de implementação de políticas exclusivas a ela. Exemplos disso, são ações que contribuem para a melhoria da seguridade alimentar, ao gerar renda e inserindo no mercado mais alimentos produzidos no contexto familiar, como, por exemplo, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o Programa de Aquisição de Alimentos e a implantação de linhas do PRONAF.
A atuação dos agricultores familiares como co-gestores de políticas públicas essencialmente sociais para o meio rural é além de uma determinação legal, um preceito básico de não exclusão e priorização dos mais necessitados. Porém, a formação dos profissionais da área das ciências agrárias, juntamente com senso, trata o desenvolvimento rural sob uma perspectiva produtivista, na qual os problemas do campo se restringem a questões produtivas. Essa visão apresenta descaso a aspectos sociais, ambientais, culturais e políticos que envolvem as populações rurais e a implementação de políticas sociais no meio rural. Com isso, são poucos os profissionais da extensão rural e até mesmo das administrações municipais que possuem formação profissional capaz de implementarem estes projetos baseados em princípios democráticos e participativos.
Sinaliza-se, nesse sentido, a possibilidade de estudo e compreensão das situações e questões de interesse desses grupos no meio rural, com iniciativas para a organização comunitária, formulação e encaminhamento de reivindicações, implantação de políticas públicas; para a capacitação dos setores excluídos para se articularem com o poder público e com outras organizações sociais.
Portanto, o projeto propõe atender as demandas da agricultura familiar do município de Conceição do Mato Dentro, por meio de trabalhos de desenvolvimento de comunidades e assistência técnica a sistemas produtivos, ações que permitem aos produtores o protagonismo no desenvolvimento local e na formulação e implementação de políticas. Para tal, salientam-se as oportunidades de intercâmbio com o meio rural, para professores e alunos, através de visitas, aplicação de questionários, desenvolvimento de pesquisas e aulas práticas.
A viabilização e institucionalização das atividades a serem desenvolvidas serão concretizadas mediante a celebração de acordo entre a Escola de Veterinária da UFMG (Escola) e a Prefeitura Municipal de Conceição do Mato Dentro. Todas as atividades terão como base as comunidades. Este princípio se aplica às preparações iniciais das reuniões, com a escolha das temáticas, tomadas de decisões e encaminhamentos. A Escola fará a gestão do projeto com a inclusão de professores, servidores TAE, e alunos de graduação e de pós-graduação. Serão mapeadas as comunidades de produção familiar do município e desenvolvido com elas trabalhos específicos de mobilização e organização. Prevê-se a identificação das comunidades rurais fazendo um mapeamento do município, indicando a localização, distância, vias de acesso e as principais características de cada comunidade. Este mapeamento será feito a partir dos dados coletados nas visitas da equipe às comunidades. Haverá coleta dos dados da realidade socioeconômica do município a por meio da aplicação de questionários semiestruturados a moradores da área rural que se disponham a participar das atividades. Estes dados serão tabulados, organizados e apresentados para a discussão nas comunidades. As atividades serão realizadas por meio de viagens da equipe da Escola ao município, os resultados do projeto serão mantidos atualizados no SIEX-UFMG para livre consulta e monitoramento das ações pelos parceiros externos.