A agricultura familiar responde por 35% do produto interno bruto do Brasil e absorve 40% da população economicamente ativa do país. Este segmento emprega aproximadamente 74% da mão de obra do setor agropecuário e, do total de estabelecimentos agropecuários, 84,4% pertencem a agricultores familiares, sendo responsáveis por 70% dos alimentos que chegam aos consumidores brasileiros. Nesse contexto, a apicultura representa um importante papel para a agricultura familiar, seja como atividade principal da propriedade ou como fonte de renda complementar. Como características favoráveis e compatíveis com as condições de trabalho e capital dos produtores, a apicultura apresenta: a possibilidade de execução como atividade secundária, sem danos à atividade principal da propriedade; necessidade de pequenas áreas para instalação; investimento inicial relativamente baixo; aumento da produtividade das culturas por meio da polinização e a obtenção de vários produtos (mel, própolis, cera, pólen, geléia real, apitoxina, venda de abelhas rainhas e enxames e serviços de polinização) para os quais existem mercados interno e externo em crescimento. Segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais , a agricultura familiar foi responsável por 79,5% da produção total de mel do estado no mês de dezembro de 2016, demonstrando a relevância desta atividade para o desenvolvimento social e econômico das comunidades. Apesar da agricultura familiar se caracterizar pela vida em comunidades, marcadas pela reciprocidade e interconhecimento envolvendo seus membros, na maioria dos casos, estas não possuem o hábito de se reunirem para a problematização das condições de existência. A falta de união dos produtores para discussão de questões sociais como acesso a crédito, compra de insumos, industrialização da produção, inspeção sanitária e venda de produtos, dificulta a superação dessas questões e pode ocasionar a exclusão de parte dessa população do sistema de produção. Assim, o trabalho de mobilização comunitária é necessário para que estas populações possam identificar os problemas que as atingem e as possibilidades de superação, gerando uma união entre os produtores em torno de objetivos, preocupações e interesses comuns, de modo que as capacidades e habilidades de seus habitantes sejam desenvolvidas a níveis que se aproximam de suas potencialidades, que define o desenvolvimento de comunidades. Nesse contexto, o desenvolvimento de comunidades e a constituição de associações e cooperativas surgem como ferramentas importantes de organização social, política e econômica da agricultura familiar, e representam alternativas interessantes a esses agricultores, para organizar e agregar valor aos produtos obtidos, comercializando e inserindo a produção em mercados locais, regionais e globais, constituindo-se de um instrumento de enfrentamento à concorrência empresarial. A proposta de trabalho consiste em desenvolver ações pautadas em metodologias participativa e grupal, que resultem na conscientização dos envolvidos e na organização e mobilização de todos para discutir e resolver as questões levantadas pelos apicultores, membros ou não de associações, como a Associação dos Apicultores de Paraopeba e Região (AAPPAR). O projeto cumpre as diretrizes que devem orientar a formulação e implementação das ações de Extensão Universitária, ao promover a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, possibilitando a formação de pessoas socialmente comprometidas e a geração de conhecimentos, a integração dialógica com o público alvo, pela troca de saberes e superação de desigualdades e exclusão social, bem como o impacto social transformador gerado, por se trabalhar com o segmento da agricultura familiar, que historicamente tem sido negligenciado nas políticas públicas para o meio rural. A interdisciplinariedade é uma ferramenta importante para a inserção da Escola de Veterinária em seu meio social. Estamos promovendo o desenvolvimento social, econômico e político dos agricultores familiares ligados à atividade apícola, estimulando sua organização em associações e cooperativas ou fortalecendo aquelas já existentes.
Em 05/05/2021, por solicitação da Associação dos Apicultores de Paraopeba e Região (AAPPAR) foi elaborado um projeto de construção de unidade de beneficiamento de produtos de abelhas e derivados no município visando a certificação de produção agropecuária e agroindustrial prevista no Anexo I.3 do Acordo Judicial para reparação integral relativa ao rompimento das barragens do Córrego do Feijão. Em reunião realizada no dia 23/09/2019, os membros da Associação dos Apicultores de Paraopeba e Região (AAPPAR) deliberaram pelo adiamento do 1° Seminário de Apicultura de Paraopeba e Região, que seria realizado no segundo semestre de 2019, devido à alguns problemas que estavam enfrentando no município, como invasão de apiários e roubo de mel, além de grandes perdas causadas por sucessivas queimadas em áreas próximas aos apiários. Entre os dias 05 e 09/11/2019, foi realizada, na Escola de Veterinária da UFMG, a segunda edição do Curso Básico de Apicultura, com o objetivo de capacitar os apicultores e demais interessados sobre a importância da utilização de técnicas adequadas de manejo para atingir os índices de produtividade esperados. As aulas práticas foram realizadas com o apoio de um apicultor parceiro, localizado no município de Taquaraçu de Minas.