A escola de veterinária da UFMG é nacionalmente reconhecida pela excelência de seu ensino. No entanto nos últimos anos, mais especificamente nas últimas décadas, vem sofrendo mudanças radicais no perfil dos alunos que na sua maioria são exclusivamente urbanos e tem demonstrado grande interesse por caninos, felinos e animais silvestres.
Por outro lado, o estado de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais é o maior produtor de leite do país com uma produção de 8 a 9 bilhões de litros/ano, que representa aproximadamente 27% do total nacional e que os produtores familiares não têm a sua disposição informações que possam integra-los adequadamente a essa importante cadeia produtiva, demandado ações de extensão que possam atendê-los em suas demandas.
Considerando-se ainda que a Política Nacional De Assistência Técnica e Extensão Rural, chamada de nova PNATER, e a constituição promulgada em 1988 e em vigor garantem assistência técnica gratuita e de qualidade ao agricultor familiar. O departamento de zootecnia criou o presente projeto de extensão universitária que visa integrar os alunos ao meio rural e disponibilizar assistência a produtores de leite, representantes da agricultura famílias, nos municípios de Pompéu e Felixlândia, cidades situadas na região oeste do estado de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais .
Este projeto visa então favorecer o crescimento da agricultura familiar regional que não tem sido adequadamente considerada nessa região desde o Golpe Militar de 1964 e que não se beneficiou das benesses da Modernização da Agricultura brasileira. Com ações de treinamento de alunos de graduação e de pós-graduação nas áreas de bovinocultura de leite nos referidos municípios, com o auxilio aos serviços de Extensão Rural oficial local, que não possui equipe multidisciplinar como determina a Nova PNATER.
Propõe-se também ações de capacitação dos produtores familiares na busca da autonomia, conquista de mercados e respeito ao meio ambiente pelo desenvolvimento de atividades de gestão, acompanhamento da produção, reforma de pastagens para reduzir a emissão de gases do efeito estufa, proteção e manutenção de nascentes e mananciais de água.
Todas as ações terão caráter inclusivo respeitando-se aspectos de gênero, geração, raça, etnia e sustentabilidade. Propõe-se, também ações de forma democrática, participativa e inclusiva respeitando-se as demandas específicas de cada família. O intuito é contribuir para o desenvolvimento da bovinocultura de leite local com a integração de alunos de graduação ao meio rural e fornecimento de treinamento de campo para os estudantes de Medicina Veterinária da Escola de Veterinária da UFMG.
Nossos resultados até agora Devido as restrições impostas pela Pandemia da COVID19 as atividades do projeto foram realizadas de modo remoto. Por meio da troca de mensagens e ligações telefônicas. Com isso os produtores seguiram sendo atendidos pelo projeto e as recomendações técnicas acompanhadas pelo projeto.
No primeiro semestre de 2020, os alunos da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais -UFMG integrantes da disciplina Tópicos Avançados de Bovinocultura de Leite prestaram atendimento técnico de forma remota a propriedades rurais do município de Felixlândia-MG. Todo o processo foi orientado pelos professores e coordenadores da disciplina. A prestação de serviço se dava por meio de telefone e/ou WhatsApp uma vez ao mês em datas pré definidas sendo essas, 18/04, 16/05, 13/06 e 27/06. As demandas dos produtores foram atendidas e à medida que surgiam dúvidas estas eram sanadas com esses proprietários, com vistas ao manejo animal e de pastagens. Foram em número 10 propriedades atendidas.
No decorrer do primeiro semestre de 2019 foram realizadas visitas e cumprido demandas de 10 propriedades. Foram realizadas em média 4 visitas por propriedade, sendo essas previamente agendadas ao longo do semestre. As atividades foram executadas por alunos de graduação da Escola de Veterinária da UFMG acompanhados pelos professores da escola responsáveis pela disciplina e programa. As propriedades e seus respectivos dirigentes foram: Fazenda Estrela Guia (Luiz Marcos Costa), Fazenda Capão Comprido (Ronaldo Campos), Sítio Brejinho (Antônio Carlos de Souza), Fazenda Senhor Levir (Geraldo Apolinário), (Calos Fernandes Leite Júnior), (Paulo Roberto Fernandes de Souza), Fazenda Imbiriçu (Antônio Marcos de Souza), Fazenda Poções (Adelmo Teixeira da Silva), Sítio Céu Azul (Ito Afonso), Sítio Marmelada (Helton Fernando da Silva).
Fazenda Estrela Guia: Luiz Marcos Costa (23/03/2019). Na primeira visita foram acompanhadas as atividades diárias da fazenda e discutidas novas metas para o próximo ciclo. A ordenha realizada de forma manual, não se realiza teste da caneca, para desinfecção dos tetos são utilizados panos não higienizados e água morna, o curral não apresenta água encanada sendo utilizado um balde com água não tratada para lavagem dos processos. A sala para fabricação de queijos não possui barreira contra entrada de animais e pragas sendo somente coberta por telha. Os animais são vacinados contra raiva, aftosa e brucelose. Contra ectoparasitas é utilizado Pour On e os endoparasitos Ivomec. A reprodução da fazenda é feita monta natural com touro Guzerá. A nutrição é feita a partir de concentrado, volumoso e silagem. Para a próxima visita foi planejado dimensionar um plantel e o pastejo rotacionado por meio de GPS da área a ser implementado o rotacionado e avaliação dos animais após readaptação da dieta.
Fazenda Estrela Guia: Luiz Marcos Costa (27/04/2019). Os principais problemas encontrados foram a não realização de anotações de índices zootécnicos, alimentação das vacas inadequada, não é oferecido aos animais alimento em tempo integral e o concentrado é adicionado sem critérios de seleção, animais com baixo escore corporal, número de cochos inferior a quantidade de animais e com fundo desgastado, vacas secas e no pré-parto são transportadas para pasto arrendado, a ordenha são segue os parâmetros de higienização estabelecidos, aplicação de ocitocina feita com uso de uma única agulha para todos os animais em lactação não sendo feitos antissepsia adequada entre uma aplicação e outra, a produção de queijos feita em ambiente inadequado não seguindo nenhuma normativa do IMA, o leite produzido fora das exigências padrões de qualidade, não realiza-se teste para brucelose e tuberculose na compra de novos animais e por fim os animais não são vacinados contra raiva.
Fazenda Estrela Guia: Luiz Marcos Costa (18/05/2019). Continua sem realizar anotações de índices zootécnicos, a formulação da dieta foi alterada, a quantidade de ração por animal foi alterada porém não seguida, as recomendações sobre a retirada da sobra do cocho e o fornecimento de alimento em maior quantidade não foram seguidas, o projeto de rotacionado ainda não implementado, as análises de solos feitas em outros ciclos do projeto não foram implementados adubação do solo, os cochos teve os fundos concretados evitando ingestão de corpos estranhos pelos animais, as vacas quando secas ainda são transportadas para pasto arrendado, o uso de papel ao invés de pano para higienização dos tetos das vacas é feito esporadicamente, não foram seguidas outras recomendações de higienização do processo de ordenha. Em relação a produção de queijos não foram realizadas nenhuma benfeitoria nesse sistema de produção, somente foi realizada análise de composição do queijo e de CCS e CBT do leite.
Fazenda Capão Comprido: Ronaldo Campos (23/03/2019). Os problemas encontrados foram manejo de ordenha sem higienização, compra de animais sem critérios em leilões, não há objetivos quanto ao aumento da produção, pouca abertura para mexer no sistema como um todo e as demandas eram apenas práticas e pontuais. Foi realizado acompanhamento do manejo reprodutivo dos animais, práticas pontuais de clínica e cirurgia incluindo mochação de bezerros e casqueamento de uma vaca e foi desenhado um esboço de possível manejo rotacionado a ser adotado por sugestão da equipe.
Sítio Brejinho: Antônio Carlos de Souza (23/03/2019). Primeira visita foi realizada conversa com o produtor a fim de saber como está o sistema desde a última visita e entender as principais demandas; avaliação das lavouras de sorgo e silo; análise visual dos bezerros e vacas. As recomendações foram manter as lavouras limpas livre de cipós e plantas invasoras; reunir as áreas de lavouras tomando somente uma; regular a plantadeira quanto ao número de sementes/metro e profundidade da semeadura e por fim diminuir a largura do silo.
Sítio Brejinho: Antônio Carlos de Souza (27/04/2019). Na segunda visita o panorama da fazenda foi registrado sendo produção de 250 litros de leite/dia com 16 vacas em lactação com uma média de 15,5 litros/ vaca, com um total de 19 vacas; venda de 12 bezerros desde a última visita. A atividade realizada foi somente mochação de 4 bezerros com ferro quente.
Sítio Brejinho: Antônio Carlos de Souza (18/05/2019). Na terceira visita as atividades realizadas foram auxílio na ordenha e acompanhamento das atividades na propriedade.
Sítio Brejinho: Antônio Carlos de Souza (22/06/2019). Na quarta e última visita o panorama da fazenda apresentava com produção diária de 90 litros de leite com 9 vacas com média de 10 litros/vaca; ocorria diminuição gradativa da produção com o secamento precoce de algumas vacas, pois o proprietário apresentava problemas pessoais que o impedia de manter a mesma configuração do sistema. Nesse dia foi realizado o acompanhamento das atividades desenvolvidas na propriedade.