A agricultura familiar deveria constituir um dos principais alvos das preocupações das classes dirigentes e das políticas públicas por elas implementadas.
No Brasil, no período de 1996-2018, o Estado vinha ampliando suas ações para apoiar esse segmento sócio-econômico, certamente o mais vulnerável entre todas as categorias sociais do campo. É principalmente das fileiras dessa categoria de produtores rurais que se desgarram os migrantes que sustentam os altos índices do êxodo rural, ou que compõem as correntes migratórias em busca de trabalhos sazonais. Adversamente, é em seu seio que se abriga o maior contingente de empregados no campo; de seu trabalho provém a maior parcela da produção de alimentos no país e um volume significativo dos produtos de exportação.
O destaque que o Governo Federal, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário, vinha dando à agricultura familiar não encontra precedentes na história do Brasil. Com a preocupação com a oferta de crédito, com a qualidade e suficiência da assistência técnica, com a comercialização e agroindustrialização de produtos oriundos dos grupos familiares, com a geração de rendas e criação de postos de trabalho no campo.
Todo o enfoque das políticas públicas visando à agricultura familiar orientava-se para um estilo de ações pautadas em metodologias participativas. Corrobora esta assertiva, a exigência de instituição dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável, com atribuições de participar da elaboração, aprovação, avaliação e fiscalização na execução dos PMDRS. Sustenta esta afirmação, a delegação aos referidos conselhos da responsabilidade pelo acompanhamento dos Serviços de Assistência Técnica à agricultura familiar em cada município. Comprova esta proposição, a prática hoje verificada na maioria dos municípios brasileiros, em que o próprio Poder Público Municipal tem procurado desempenhar muitas de suas ações através de parcerias com comunidades organizadas.
Porém, as mudanças políticas a partir de 2018 fizeram com a agricultura familiar e suas políticas sociais fossem silenciadas no discurso oficial. Neste sentido o modelo do agronegócio foi utilizado para dissimular as desigualdades sociais existentes no meio rural. Porém, entre aqueles grupos representados pela agricultura familiar como segmento social os mais vulneráveis como os assentados, remanescentes de quilombolas e outros povos tradicionais, passaram a ter sua ação criminalizada, em processo crescente de militarização da questão agrária no Brasil, a semelhança do que foi visto durante da ditadura miliar (1964-1985).
A proposta de trabalho consiste em desenvolver ações coletivas que resultem na conscientização de todos os envolvidos, na organização e na mobilização comunitária, na autonomia e na capacitação dos grupos organizados para discutir e resolver seus próprios problemas. Este projeto cumpre os preceitos estabelecidos para a política extensionista da universidade ao promover a integração dialógica com o público alvo, uma vez que este demanda e gesta as atividades no município. O impacto social também é notável ao se trabalhar com um segmento historicamente excluído das políticas para o meio rural. Que hoje tem sua existência criminalizada, os assentamentos de reforma agrária. Configurando-se também em instrumento efetivo para a integração da Escola de Veterinária em seu meio social.
Sinaliza-se a possibilidade de estudo e compreensão das situações e questões de interesse desses grupos no interior do setor agrário; a contribuição daí resultante para iniciativas de ampliação da organização, para a formulação e encaminhamento de reivindicações, e avaliação de políticas públicas em curso; a capacitação dos setores excluídos para se articularem com o poder público e com outras organizações sociais. Queremos contribuir para a promoção social, econômica, cultural e política dos membros das comunidades rurais de Pompéu; participar do esforço para a consolidação do sistema democrático, para o desenvolvimento das potencialidades humanas, em suas perspectivas individual e coletiva, e para a consecução e aprimoramento do processo de cidadania.
Nossos resultados mais recentes:
RELATÓRIO DE VISITA 28/05/2022
Os alunos iniciaram a visita pelo Mercado Municipal da cidade de Pompéu Velho de Minas
Gerais para visitar o Gaiteiro e lá ele apresentou uma demanda para fazer um programa de
rádio para levar mais pessoas ao mercado. Em seguida os alunos foram para a propriedade
da Eliene para entregar os peixes que foram comprados. O viveiro foi povoado com 54
alevinos de tilápia e 3 cascudos. Foi ensinado à Eliene como alimentar os animais e a
frequência de alimentação. Após dois meses, os animais permanecem bem e em fase de
crescimento.
Na propriedade da Eliene e da Néia foram colhidas informações de saúde para futuro
auxílio. Nestas duas propriedades houve uma demanda em comum referente a um
problema de galinhas comendo os próprios ovos.
Os projetos de recirculação de água e de aquaponia foram entregues para a Néia, mas
nenhuma decisão foi tomada.
RELATÓRIO DE VISITA 14/05/2022
A visita foi feita na cidade de Pompéu Velho em Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais . Os alunos da Universidade
Federal de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais foram primeiro ao Mercado Municipal da cidade para encontrar um
produtor chamado Gaiteiro para conversar sobre sua demanda, porém ele não estava no
local então os alunos foram visitar a segunda propriedade, a propriedade da Eliene. Ela
apresentou a sua demanda de povoar um viveiro que tem na propriedade com alevinos de
tilápia e cascudos com a finalidade de consumo próprio e de venda na feira da cidade. Em
seguida, os alunos foram para a propriedade da Néia e do Trevão, a demanda é um projeto
de produção de tilápia em caixa d’água. Nesta propriedade, também houve a demanda para
combater o carrapato do gado e as formigas.
O atual momento sanitários, decorrente da pandemia da COVID19 provocou mudanças na metodologia de ação do projeto. Uma vez que boa parte do público de trabalho se inscrevia nas populações de maior risco, as atividades presenciais foram interrompidas. Porém a solidez da atuação fez com que os estudantes mantivessem contato contínuo com os produtores rurais atendidos por meio de trocas de mensagens e ligações telefônicas.
Porém, com o avanço da vacinação já estão sendo articuladas novas atividades de campo, que ainda serão reduzidas em período de transição, devido as limitações impostas pelo transporte da equipe, que deve seguir as normas dos comitês internos de enfrentamento a COVID da UFMG.
Mas cabe destacar que o projeto se manteve ativo durante todo o período da pandemia, mesmo sem realizar deslocamentos da equipe até as comunidades rurais.
Link do projeto no SIEX/UFMG: https://sistemas.ufmg.br/siex/VerDescricao.do?id=84534&tipo=Projeto