Uma ideia. Dois projetos. Um programa

No Brasil, a profissão de médico veterinário está passando por uma transformação significativa: atender à crescente valorização do bem-estar animal.

O bem-estar animal pode ser definido como um estado de completa saúde física e mental, em que o animal está em harmonia com o ambiente, incluindo com homem, que o rodeia. A sociedade espera, cada vez mais, do médico veterinário um perfil profissional de comprometimento com esse conceito.

A Escola de Veterinária da UFMG preza o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos, em prol do conhecimento científico aplicado na melhoria desta área. Assim, o Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias (DCCV) da Escola desenvolveu um programa, junto ao Ministério da Educação (MEC), que engloba dois projetos de extensão: o “Agha – Ações integradas direcionadas ao estudo e ao estímulo da convivência harmônica e saudável entre o homem e seus animais de companhia”, coordenado pelo professor Rafael Faleiros, e o “Projeto Castração MEC/UFMG” – Programa de castração e auxílio no controle populacional de cães e gatos de população com posição socioeconômica carente, coordenado pela professora Christina Malm.

Agha

O Agha começou a partir de uma disciplina de bem-estar animal da pós-graduação, na qual era estudado inclusive a relação homem-animal. “Percebemos que há uma série de aspectos e situações entre os homens e seus animais de companhia que são desconhecidos, não há grandes estudos sobre essa relação”, explica o professor Rafael Faleiros.

Ele afirma que há um crescimento significativo na necessidade das pessoas se relacionarem com os animais e estudar essa relação dentro da Escola é algo ainda mais desafiador e interessante: “Aqui temos dois grandes aspectos: a parte de aproximação e cuidado com os animais e a parte de produção, em que o animal é visto sob uma ótica mais mercadológica”, analisa o professor.

O projeto foi então elaborado para que a relação homem-animal fosse debatida e melhor entendida, além de servir como suporte para levar ao conhecimento da população informações sobre o respeito às  necessidades do animal, bem como explicitar que o animal também pode ser um possível vetor de doenças.

A equipe do Agha irá atuar em dois municípios próximos a Belo Horizonte, onde serão realizadas ações práticas em praça pública com serviços gratuitos: exames clínicos, coletas de sangue, ficha cadastral do animal. Assim, o animal será habilitado para um programa de castração, que será a segunda fase do projeto. Além disso, haverá a produção de uma cartilha educativa para a comunidade e a realização de palestras dentro de escolas. “Pretendemos estimular as pessoas a entender que a castração é importante para evitar uma reprodução indesejada e consequentemente o abandono do animal que por sua vez pode aumentar a disseminação de zoonoses”, conclui Rafael.

Projeto Castração MEC/UFMG

Este projeto é uma parceria da UFMG com o Ministério da Educação (MEC), acontece, aos sábados no Hospital Veterinário da Escola, envolvendo a comunidade externa carente. A equipe executora do projeto é formada por docentes, graduandos (voluntários e bolsistas), pós-graduandos, residentes e médicos veterinários voluntários. “Entendo que as instituições de ensino em medicina veterinária podem trazer grande contribuição aos programas de castração e controle reprodutivo de animais através do envolvimento de sua comunidade acadêmica e profissionais”.

“Neste projeto, trabalhamos com a educação e a conscientização da comunidade acerca de temas como: guarda responsável e controle populacional de cães e gatos, buscando, inclusive, a conscientização sobre o não abandono dos animais que acabam sendo vítimas de violência e maus-tratos” explica a professora Christina Malm. Além das informações educacionais transmitidas, o projeto proporciona à população carente a cirurgia de esterilização do seu animal de estimação.

As atividades incluem triagem e cadastramento dos animais, exames pré-operatórios, castrações e disponibilização de medicamentos para realização do pós-operatório. Participam do projeto cães e gatos previamente cadastrados, pertencentes a proprietários carentes (baixa renda) e a comprovação de renda familiar indicando carência financeira do proprietário é exigida.

“Temos um objetivo social educativo: estamos promovendo a saúde, o bem-estar animal, a conscientização da população e mais, buscamos uma formação profissional de médicos veterinários mais conscientes e humanitários. Os alunos que participam do programa não só aprendem a prática, mas desenvolvem a capacidade de lidar com o animal e seu proprietário de maneira mais sensível e ética”. Tenho observado, nestes três meses de intenso trabalho, grande compromisso e satisfação por parte de todos envolvidos no projeto, conclui a professora.

Atividades dos projetos

O Projeto Castração MEC/UFMG já começou. Já foram realizadas castrações nos sábados 24 de março, 14 e 28 de abril.   Até o momento já foram cadastrados animais para atendimento até julho de 2012. Novas oportunidades de cadastramento serão divulgadas no site oportunamente.

E no dia 12 de maio de 2012, no município de Juatuba, acontecerá a primeira ação do Projeto Agha. Neste dia, haverá um espetáculo teatral para convidar a comunidade a participar das atividades do projeto.