Um estudo realizado por professores da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG mostra que trabalhadores noturnos ou por turno têm menor resposta imunológica à vacinação. O estudo foi publicado na revista Elsevier e foi feito em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Segundo o artigo, trabalhadores noturnos demonstram um prejuízo na resposta humoral, celular, além de alterações hormonais em relação aos trabalhadores diurnos. De acordo com a literatura, estudos demonstram a existência de perfis diferentes na resposta à vacinação em indivíduos saudáveis, sendo que alguns demonstram resposta mais vigorosa em relação a outros.
Um dos autores do estudo, o professor Marco Tulio Mello, do Departamento de Esportes da EEFFTO, explica que a qualidade do sono interfere diretamente nessa baixa resposta.
"Ela é menor porque as pessoas estão dormindo menos. As pessoas que trabalham à noite ou trabalham por turno acabam dormindo durante o dia. E o período que dormem durante o dia não é igual ao período da noite. Então, dormir de dia é muito mais prejudicial do que dormir à noite. Você tem uma qualidade e eficiência do sono menor, a parte hormonal de neurotransmissão está toda alterada. Por isso que as pessoas dormem menos e, dormindo menos, elas acabam com um déficit e uma carga imunológica menor. Então, a restrição do sono e a privação do sono fazem com que isso ocorra", ressalta o professor.
"Para cada tipo de vacina vai ter um tipo de reforço diferente para esses trabalhadores. Tomar uma nova dose, nesses casos, não faz mal, isso é até ele atingir o nível que precisa. O ideal seria dormir e não precisaria do reforço vacinal", esclarece.
Um dos próximos passos da pesquisa é avaliar a resposta a outros tipos de vacina, como, por exemplo, contra influenza ou outras doenças respiratórias. Especificamente, considerando a atual pandemia, os autores buscam investigar como esses trabalhadores responderão à nova vacina contra a covid-19. Também está na pauta avaliar a resposta à vacina nesses trabalhadores, considerando diferentes escalas de trabalho, além da investigação de intervenções capazes de reverter essa resposta hormonal reduzida, como o uso de doses de reforço ou doses múltiplas nessa população que possam maximizar a resposta à vacinação.
Redação: Assessoria da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG