Quando as alunas Ana Luisa Ribeiro, Marina Claudino, Millena Nunes e Natália Xavier começaram uma matéria de metodologia com a professora Maria Isabel Azevedo, do DMVP, não imaginavam que esse seria o ponto de partida para uma nova parceria da Escola de Veterinária com o Hospital das Clínicas. Ele foi nomeado Projeto Amigo Pra Cachorro e, através da terapia assistida com animais, busca a melhora da saúde física e emocional dos pacientes.
Durante o primeiro semestre de 2018 as alunas pesquisaram mais sobre a terapia assistida com animais, e pouco depois de 8 meses, no começo de abril de 2019, ajudaram a conduzir essa prática com pacientes reais da ala pediátrica do Hospital.
Eles iam de recém-nascidos até adolescentes de 17 anos, alguns em tratamento oncológico e outros com contato reduzido com o mundo exterior. Uma paciente chegou a chorar quando viu os animais chegarem. Além da equipe médica e veterinária, algumas crianças estavam acompanhadas pelos pais, os quais elogiaram bastante a iniciativa. Juliana, mãe de uma das pacientes, achou a iniciativa “muito bacana”, uma vez que estimula as crianças e afirmou que seu filho adorou.
A visita, que ocorreu no sábado, dia 6 de abril, pela manhã, vai ficar na memória de todos os envolvidos, seja pela grande emoção envolvida ou pelas fotos tiradas. O Amigo Pra Cachorro foi capaz de mudar toda a rotina da ala pediátrica, que compreende dois andares do Hospital, criando novos laços e levando o amor na forma animal. “O benefício do projeto não foi só para os pais e as crianças. A equipe médica e os funcionários como um todo se beneficiaram da terapia”, completou a professora do DMVP.
Esse projeto foi um dos primeiros na cidade de Belo Horizonte, e foi feito um questionário, durante a disciplina, para descobrirem a receptividade à ele. “Esse projeto ainda não era implementado em Belo Horizonte não pela resistência, mas sim pela falta de conhecimento das pessoas sobre a terapia”, afirma Millena. Ainda segundo ela, “a aceitabilidade das crianças foi total, chegamos lá e maioria já queria abraçar [os cachorros]”.
Para que todas as crianças ficassem em segurança foram tomadas uma série de medidas em relação aos cães. Eles deveriam tomar banho 24h antes da visita, higienizar as patas, estar em jejum e fazer exames bacteriológicos e de sangue. Além desses procedimentos, o adestrador selecionou os animais com o perfil mais adequado para as atividades.
Na primeira visita foram levados três cães: Teca, Leca e Lost. Segundo Natália, o ideal é que elas consigam quatro animais nas próximas visitas, para que eles não fiquem sobrecarregados.
Mas não foram somente as alunas e a professora as responsáveis. Maria Isabel relembra que esse projeto só foi construído com a ajuda de várias pessoas, não somente com o Departamento de Medicina Veterinária Preventiva (DMVP): "Queria agradecer o apoio da Escola de Veterinária e da assessoria de comunicação, do Hospital Veterinário, do adestrador, senhor Ronilson, dos voluntários que trouxeram seus cães, e as tutoras Luciane, Eneida e Ana Luiza, do Hospital das Clínicas, principalmente da Superintendente, professora Andréa Silveira, da assessoria do Hospital e aos cachorros, que foram fundamentais". As alunas também ressaltam que a confiança no projeto foi fundamental para o seu rápido andamento.
A maioria dos envolvidos trabalhou de maneira voluntária, visando somente o bem do próximo. “É tão bom fazer o bem para o outro. Não tem nada que me deixe mais feliz do que ver o outro feliz, e a gente proporcionou um momento de bem estar para muitas pessoas”, sintetizou Maria Isabel sobre o sentimento dos envolvidos.
Apesar do nervosismo e apreensão acerca da receptividade das crianças, a sensação foi “indescritível, ultrapassou todas as expectativas”, disse Millena. “O dia de realização do projeto foi perfeito”, concluiu a professora. O sucesso foi tamanho que cada vez mais tutores estão procurando o projeto para serem voluntários com seus cães, assim como alunos da Escola de Veterinária estão querendo fazer parte dele. O grupo pretende expandir o projeto para outros hospitais, entretanto, é necessário primeiro a estabilidade do mesmo, incluindo alguns processos mais burocráticos.