Quais são os cuidados básicos que devemos ter com os animais? O que fazer para prevenir zoonoses? E como tornar o convívio entre homem e animal mais harmônico? Essas perguntas foram respondidas na segunda intervenção do Projeto Agha (Ação Global Homem-Animal) em Lagoa Santa. No último sábado, 24 de novembro, o Agha realizou cirurgias de castração e palestras educativas para os proprietários de animais do município com o objetivo de difundir a posse consciente e realizar o controle populacional.
Após o levantamento epidemiológico e clínico dos animais realizados na primeira etapa do projeto, os cães e gatos aprovados nos testes de doenças e avaliação de risco cirúrgico, foram castrados pela equipe do projeto. Paralelo a isso, os proprietários assistiram palestras no momento em que aguardavam as cirurgias dos seus animais.
As palestras abordaram as principais dúvidas detectadas pela equipe do Agha. Foram tratados temas como guarda responsável e bem estar animal que englobam os cuidados com os animais, a sua alimentação, higiene, vacinação e sobre as principais doenças. “Durante as palestras, os proprietários faziam perguntas e participavam. Eles demonstravam bastante interesse”, avalia a aluna Sara Clemente, do 7º período de veterinária, que ministrou as palestras junto à professora Danielle Magalhães, uma das coordenadoras do projeto.
Para o professor Rafael Faleiros, também coordenador do Agha, a castração não é a parte mais importante da ação. “O nosso objetivo é conscientizar a população de um modo geral em relação ao bem estar animal”, ressalta. A intenção é que cada município beneficiado com o evento possa dar continuidade ao processo de controle populacional e conscientização. “A ideia que envolve o projeto é muito forte, então queremos semeá-la, expor a sua importância. Além disso, queremos mostrar que não demanda tanto esforço do município para que a ação continue”, diz o professor. “Acredito que, ao longo dos anos, é isso que vai fazer diferença para a sociedade”, completa.
A aluna Vanessa Stuart, que cursa o 10º período, avalia que o Agha tem uma importância social, pois realiza um bem à comunidade castrando os animais. “A castração previne, além de zoonoses, crias indesejadas e que, consequentemente, seriam abandonadas”, declara. A situação é evidenciada pela diretora da Escola Municipal Professora Mércia Margarida Lacerda Machado que recebeu a caravana do projeto, Lúcia Gonçalves. Ela afirma que existem muitos cães e gatos na região de Lagoa Santa em situação de abandonoe sem acompanhamento veterinário. “Infelizmente, são poucos os proprietários que tem conhecimento sobre os cuidados básicos que se deve ter com os animais de estimação”, observa.
Além da população, quem se beneficia com o Agha são os alunos da Escola de Veterinária da UFMG. A maioria dos participantes do evento são voluntários, que aproveitam o projeto para receber treinamento com diferentes professores e áreas. “Temos professores das áreas de patologia, preventiva, reprodução, epidemiologia e doenças infeciosas, além da clínica e cirurgia veterinárias. É uma equipe multidisciplinar. Então, os alunos convivem com vários aspectos da Medicina Veterinária em um mesmo local”, ressalta Rafael Faleiros.
Para a aluna Izabella Marques, do 4º período, o Agha é uma oportunidade de aprimorar os conhecimentos. “Procurei ser voluntária, pois é um projeto de extensão que liga auniversidade à sociedade. Gosto desse contato com a população”, conta.
Segundo o professor Rafael, a participação dos alunos é importante, pois além de poderem colocar o conhecimento em prática, eles poderão entender melhor sobre os cuidados com os animais. E esse entendimento serve de ferramenta para modificar a realidade de uma comunidade. “Estamos retornando para a sociedade o que ela investiu”, afirma. “A nossa maior motivação é ver essas pessoas bem atendidas e poder ajudar comunidades sem condições de castrarem seus animais”, conclui Rafael.
Pesquisas
Além da extensão, o Projeto Agha também traz retorno à sociedade por meio do desenvolvimento de pesquisas. A aluna de mestrado da Escola, Andréia Turchetti, por exemplo, utiliza os úteros coletados nas cirurgias de castração para desenvolver um projeto de pesquisa sobre imunidade nata do útero da cadela. “Com o evento, consigo coletar material para o meu projeto e desenvolver toda a parte crítica”, conta a aluna. O estudo é coordenado pelo professor Renato de Lima Santos, da patologia.
Outro projeto de pesquisa que aproveita o material que seria descartado, é realizado pela professora Monique Lagares, do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias. O objetivo da pesquisa é estudar agentes causadores de zoonoses através dos testículos e ovários descartados após a castração dos animais.
O Agha retornará ao Município de Lagoa Santa para executar a terceira etapa do projeto, que consiste na continuidade do processo educacional com palestras em escolas e associações comunitárias.
Confira as fotos da ação no facebook da Escola e o site do evento.