No dia 14 de outubro, o professor do curso de aquacultura Guilherme Campos Tavares recebeu o prêmio de melhor tese do programa de pós-graduação em Ciência Animal. No começo de setembro, a tese ganhou, também, menção honrosa no prêmio da Capes na área de medicina veterinária. A pesquisa analisou o perfil das proteínas e RNA da bactéria Streptococcus agalactiae (GBS) em diferentes condições. "Nosso estudo é de cunho básico e serve para identificar algumas proteínas que podem ser usadas em estudos que desenvolvam, futuramente, uma vacina", diz Guilherme.
Sobre a premiação, o professor comenta "Eu fiquei surpreso em relação ao prêmio da Capes (…) os trabalhos relacionados aos organismos aquáticos quase não têm muita importancia nas premiações". O professor também diz que a Escola de Veterinária vem desenvolvendo bons trabalhos na área de pesquisa e complementa "Fico feliz por ter ganho e por fazer parte da Escola, que consegue estar sempre entre as melhores teses do Brasil".
Streptococcus agalactiae é uma bactéria que causa mortalidade em tilápias e, recentemente, foi verificado que ela pode infectar peixes nativos. "Em uma produção que nunca teve surto de Streptococcus agalactiae, ela tende a causar um pico de mortalidade muito alta.", diz o pesquisador. A mortalidade varia de 50-90% nesse primeiro encontro; depois, a bactéria continua no sistema matando cerca de 10-30% por ano. Sobre sua ocorrência no Brasil, Guilherme comenta "A Streptococcus agalactiae tende a ocorrer mais no verão, mas aparecem o ano todo" e complementa dizendo que a bactéria foi encontrada em todas as regiões do Brasil, exceto no Norte. No entanto, o padrão genético da bactéria é diferente no Nordeste.
O estudo foi composto por dois experimentos. No primeiro, foram pegos 5 isolados da bactéria, sendo três de tilápias de diferentes padrões genéticos, um isolado de peixe nativo e outro de um ser humano. "Conseguimos mostrar que a expressão de proteínas entre as amostras tende a ser conservado, tendo pouca variação em isolados específicos", diz o professor sobre o resultado. Quando os isolados de peixe foram comparados com o de humano, foi mostrado que as bactérias de peixes se diferenciaram. Essa alteração faz elas sobrevivem mais quando estão em um ambiente aquático sem infectar ninguém.
No segundo experimento, foram comparadas as alterações que a bactéria sofre em temperatura alta (32ºC) e baixa (22ºC). A expressão de RNA e proteínas foi similar, só que, nas relacionadas à metabolismo, a expressão foi maior em temperaturas mais altas. O pesquisador comenta "Pode ser que a expressão dessas proteínas e RNA esteja relacionada com a capacidade de causar maior mortalidade em temperaturas elevadas". Proteínas que causam a mortalidade foram encontradas nas duas temperaturas, só que, à 32ºc, o resultado foi menor do que o esperado, tendo em vista que a bactéria, em temperaturas elevadas, mata mais peixes.
Por fim, ele deixa uma mensagem "Para os alunos que realmente querem trabalhar com pesquisa e veem seu trabalho como algo que possa trazer contribuições para a sociedade, que investem e tentem executá-lo, [o prêmio] mostra que o que estão fazendo está dando certo e que há a possibildade desses alunos ganharem esse prêmio".