Os pombos que podem ser encontrados no ambiente urbano são, em sua maioria, nativos da Europa e se adaptaram muito bem ao Brasil por encontrarem aqui abrigo e alimentação em grande quantidade. No entanto, a proximidade desses animais com a população, pode trazer sérios riscos à saúde humana. Quando contaminados, os pombos são transmissores de diversas doenças, como as salmoneloses, a clamidiose, a criptococose, a toxoplasmose, a histoplasmose, entre outras.
As salmoneloses são consideradas as zoonoses de maior importância, entre as doenças potencialmente transmitidas pelos pombos. A transmissão pode ocorrer pelo contato das mucosas com material contaminado, inalação ou ingestão das fezes. Quando contaminado, o homem pode apresentar febre súbita, dores de cabeça, náuseas, vômitos, dores abdominais e diarreias. Em adultos, a infecção pode não ocasionar manifestações clinícas. Já em crianças e idosos os riscos são maiores.
A ornitose, doença causada pela clamídia, não apresenta muitos sintomas. Ela se manifesta em forma de gripe e febre, que duram de uma a duas semanas. A transmissão é feita quando o ar que contém secreção de aves doentes é inalado. Já a criptococose e a histoplasmose são doenças que progridem lentamente, podendo ser fatais. Ambas são por um fungo que cresce nas fezes e a contaminação ocorre através do ar.
Para tentar evitar essa contaminação, é fundamental a higiene do ambiente urbano, conforme explica o professor Nelson Rodrigo da Silva Martins, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva. “Não é correto deixar que as fezes desses animais se acumulem. Também não se pode fazer a varrição dessas fezes, já que isso pode ocasionar uma inalação delas. O mais correto é molha-las, lavando com detergente e, após esse processo, aplicar desinfetante”, esclarece.
Um hábito muito comum nas grandes cidades é alimentar os pombos nas ruas ou em praças. Isso também pode trazer problemas. “Os pombos podem se alimentar de tudo, inclusive carne. E a grande disponibilidade de alimento e abrigo favorece o aumento da população dessas aves. Por isso, não é recomendado que se faça isso”, afirma o professor.
Sabendo que esses animais podem transmitir doenças aos humanos, muitas pessoas os condenam. Mas o professor Nelson ressalta que o problema não é com as aves. “Não vejo necessariamente um mal nos pombos, mas sim o resultado da presença deles nas cidades. A higiene dos locais de aglomerações de pombos é essencial. A melhor atitude é prevenir, mantendo o ambiente limpo, e não tendo contato direto com os pombos”, esclarece.