A área de endocrinologia animal é inovadora e abrange os setores de metabolismo animal, que muitas vezes são ignorados, embora sejam de grande importância para as atividades do corpo dos seres vivos. Essa área estuda o sistema endócrino, englobando as ações e funções dos hormônios produzidos pelo organismo, assim como suas desordens. Pensando nisso, o Hospital Veterinário terá a primeira médica veterinária especializada em endocrinologia de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais , Marina Pellegrino.
Marina Pellegrino é mestranda na área de clínica de pequenos, com ênfase na área de endocrinologia, além de realizar especialização em Endocrinologia e Metabologia de Pequenos Animais em São Paulo. Além disso, a médica veterinária acompanhou várias endocrinologistas, entre elas Márcia Jericó, a primeira endocrinologista na área de animais do Brasil. A importância de se ter um profissional dedicado nessa área deve-se principalmente a “humanização” dos animais, que acabam se adequando aos hábitos alimentares e estilo de vida, muitas vezes sedentário, de seus tutores. Segundo a médica veterinária, “cães e gatos possuem hábitos e necessidades alimentares diferentes de nós humanos. Esses “agrados” como pães e biscoitos, juntamente com o sedentarismo, podem acabar causando consequências graves, como a obesidade. Há outras formas de agradar os pets, sem prejudicar sua saúde”, afirma.
A obesidade pode ser precursora de algumas doenças, como Diabetes Mellitus em felinos, Hiperlipidemia, lesões articulares, Síndrome Metabólica, além da diminuição da expectativa de vida. Por isso, o proprietário deve estar atento aos malefícios que a obesidade pode causar ao animal de estimação. Há vários fatores que predispõem o surgimento da obesidade, como o sexo do animal, genética ou alguma doença metabólica concomitante. O tratamento de animais obesos necessita de acompanhamento veterinário, pois a “dieta” (caseira ou industrializada) escolhida pelo proprietário pode não ser a melhor opção no momento. Também é necessário fazer exames como hemograma, perfil bioquímico e triglicérides para identificar outros problemas que o animal possa ter. Dessa forma, o endocrinologista será capaz de analisar o histórico do animal, avaliar o escore corporal e estipular um peso meta para que a perda de peso seja realizada de forma saudável. O acompanhamento também permite recalcular a necessidade calórica de acordo com a velocidade e resultado da perda de peso.
A dúvida de que a castração pode levar à obesidade em cães e gatos é bastante comum. A endocrinologista esclarece que o que realmente ocorre é a diminuição da demanda energética do animal castrado. Assim, “é necessário que se regule a porção de alimento dada pós-cirurgia, para que o animal não ingira além da quantidade necessária”, afirma Marina Pellegrino.
A Diabetes também é uma doença tratada pelo endocrinologista. A doença é muito similar entre humanos e animais, assim como seu tratamento. Combinar a insulinoterapia com dieta específica adequada para cada caso demonstrou bastante sucesso no controle dos níveis de glicemia nesses animais. Uma avaliação feita por um endocrinologista é de fundamental importância, pois muitas endocrinopatias possuem similaridades com outras doenças, o que pode causar confusão por clínicos gerais, por exemplo.
Além dessas doenças mais conhecidas, o endocrinologista também trata outras endocrinopatias, como Hipotiroidismo, Hipertiroidismo e Hiperadrenocorticismo. Mais comum em cães, o hipotiroidismo consiste na diminuição do nível de hormônios tireiodianos. Os sintomas geralmente são aumento de peso, letargia, intolerância ao frio, problemas de pele recorrentes entre outras. O diagnóstico é feito a partir da dosagem dos hormônios T4 livre e TSH em um laboratório de confiança e o tratamento envolve a suplementação com levotiroxina, com o objetivo de regular o metabolismo do corpo.
Os proprietários devem ficar atentos, pois os sintomas de outras doenças podem ser confundidos com Hipotiroidismo. Como os hormônios tireoidianos são responsáveis pela manutenção da energia do organismo, qualquer infecção ou inflamação crônica é capaz de causar uma queda desses hormônios. Os animais, nessa fase, são denominados eutireoideus doentes, pois não possuem a doença, mas manifestam o baixo nível dos hormônios tireoidianos em exames.
O Hipertireoidismo, por sua vez, acomete felinos com maior frequência, ao contrário do hipotiroidismo. Caracteriza-se pela elevação dos hormônios tireoidianos devido ao surgimento de tumores, normalmente malignos, nas glândulas tireoides. O animal acometido apresenta sintomas como perda de peso, agressividade, polifagia (aumento do apetite) e rarefação pilosa. O processo curativo envolve iodoradioterapia, em que o animal recebe uma dose endovenosa de iodo radiotivo e permanece isolado por alguns dias em clínica específica. Nos casos em que há aparecimento de grandes tumores, geralmente carcinomas, há necessidade de cirurgia e, após o processo, o animal também passa pela iodoradioterapia, única técnica que extingue eficazmente a doença.
O Hiperadrenocorticismo (HAC) é a principal endocrinopatia que acomete cães e tornou-se frequente na rotina das Clínicas Veterinárias. A doença é caracterizada pelo excesso de produção de cortisol pelo organismo, mais comumente, devido ao surgimento de tumores hipofisários ou de adrenal, classificando a doença em HAC ACTH Dependente ou Independente. O diagnóstico baseia-se nos sintomas clínicos como, polidpsia, poliúria, polifagia, abdômen abaulado e alterações laboratoriais. O tratamento deve ser iniciado e acompanhado com muita cautela por um profissional especializado.
A endocrinologista Marina Pellegrino realiza atendimento todas as segundas-feiras de 08h às 11h no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da UFMG. As consultas devem ser agendadas pelo telefone (31) 3409-2276 ou (31) 3409-2000.