Os jalecos utilizados pelos profissionais de saúde como equipamento de proteção individual podem ser fonte de contaminação. Essa é a conclusão da dissertação de mestrado da aluna da Escola de Enfermagem da UFMG, Marlene das Dores Medeiros Silva, orientada pela professora Adriana Cristina de Oliveira, que abordou a Caracterização Epidemiológica dos Microrganismos
Presentes em Jalecos dos Profissionais de Saúde.
Diversos estudos apontam que o controle da disseminação de microrganismos nas instituições de saúde torna-se uma prioridade e um desafio, tendo em vista a ocorrência das infecções relacionadas a assistência à saúde (IRAS). Marlene Silva afirma: “Essas infecções são consideradas um problema de saúde pública em todo mundo por comprometerem a segurança e a qualidade assistencial dos pacientes hospitalizados, levando ao aumento do período de internação e elevando os riscos de complicações e os custos institucionais”. Por isso, segundo a mestranda, a identificação de possíveis reservatórios de microrganismos nos estabelecimentos de saúde consiste em uma importante medida para a prevenção de sua disseminação. A pesquisa foi realizada de janeiro a julho de 2011, em um hospital de grande porte no interior de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais , região Centro-Oeste. Participaram do estudo 100 profissionais da equipe multiprofissional que responderam a um questionário sobre os hábitos de cuidado, higiene e troca dos jalecos. Realizou-se também a coleta de amostras dos jalecos nas áreas de maior freqüência de contatos.
A contaminação do bolso dos jalecos foi 51% e 43% para a região do abdômen relacionado à freqüência de contato com as mãos dos profissionais para guarda de pertences pessoais e também instrumentos utilizados na assistência ao paciente. A maioria dos profissionais relatou o hábito de trocar o jaleco a cada plantão (68%). No que se refere ao motivo pelo qual utilizam o jaleco, 83% citaram “proteção individual”. Dos profissionais que trabalham em outros locais da área da saúde, 41,2% utilizam o mesmo jaleco em instituições distintas. Os Staphylococcus spp foi o gênero predominante em ambas as áreas analisadas. Os Enterococcus faecalis e o Acinetobacter baumannii foram predominantes na região do abdômen. Os Staphylococcus coagulase negativa foram resistentes à oxacilina; o Acinetobacter baumannii, a aminoglicosídeos, cefalosporinas e quinolonas; e o Enterococcus faecalis, a aminoglicosídeos e quinolonas.
Os resultados desse estudo apontam que os jalecos de profissionais de saúde são contaminados por microrganismos de relevância epidemiológica, contribuindo, dessa forma, para a possível disseminação de patógenos entre diferentes pacientes e ambientes. Por isso, sugere-se que o uso dos jalecos seja restrito ao ambiente de saúde e que haja investimento em programas de educação permanentes voltados para os aspectos de biossegurança, higienização das mãos, o papel do ambiente e a inclusão dos jalecos como potenciais reservatórios de microrganismos.
Redação: Assessoria de Comunicação da Escola de Enfermagem da UFMG