Seria possível usar o telefone celular para monitorar e ter um diagnóstico rápido e preciso da covid-19? Esta é a proposta de uma pesquisa que acaba de receber apoio financeiro para poder ser desenvolvida na UFMG. De caráter multidisciplinar, a proposta tem participação do Instituto de Ciências Biológicas, Escola de Engenharia, Escola de Veterinária e outros.
O trabalho consiste em viabilizar um sistema que permita gerar testes rápidos para constatação da covid-19, baseados no reconhecimento imunológico de anticorpos. O estudo propõe três pontos inovadores: o desenvolvimento de anticorpos sintéticos por bioengenharia, o uso de técnicas simultâneas para detecção da doença e a integração do diagnóstico em smartphones, garantindo portabilidade e monitoramento em tempo real.
Segundo Rodrigo Oréfice, da escola de Engenharia da UFMG e representante do projeto, o desafio imposto pela pandemia permitiu reunir esforços e competências para impulsionar avanços na ciência e tecnologia, em busca de soluções. A ideia surgiu da necessidade de testagem em massa das populações, em todos os países, segundo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), como modo a obter dados precisos sobre cada estágio da pandemia.
A indisponibilidade de testes, no entanto, tem dificultado alcançar este objetivo. Atualmente, o diagnóstico que permite identificar a doença desde a fase inicial depende de laboratórios, que por sua vez necessitam do trabalho de técnicos especializados e de equipamentos de alto custo. Além disso, os resultados precisam de um prazo para interpretação, emissão de laudo e entrega. O chamado teste rápido, que detecta a existência de anticorpos criados pelo sistema imunológico para combater o coronavírus, não é capaz de reconhecer a doença em fase inicial.
Responsável pelos aspectos biológicos desta pesquisa, a professora Maria de Fátima Leite, do departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), diz que se a ideia for bem sucedida, existe uma enorme probabilidade de ser adaptada para uso na detecção rápida de outras doenças tropicais e/ou negligenciadas, como febre amarela, dengue, etc.
Combate a pandemias
Outros cinco projetos do ICB voltados para o combate ao coronavírus receberam o mesmo apoio, resultante de três editais que selecionaram 109 projetos de todas as parte do Brasil, envolvendo mais de 1.300 pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras, realizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do Ministério da Educação responsável por promover a expansão e a consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) no país.
Segundo a Capes, o Programa Estratégico Emergencial de Combate a Surtos, Endemias, Epidemias e Pandemias envolve um conjunto de ações de apoio a projetos, pesquisas e formação de recursos humanos de alto nível para enfrentar a pandemia da covid-19 e temas relacionados a endemias e epidemias, no âmbito dos programas de pós-graduação de mestrado e doutorado do País.
Outros projetos do ICB contemplados:
– Desenvolvimento de protocolos de acompanhamento geo-referenciado da prevalência de SARS-CoV-2 em animais domésticos e no homem e sua associação com infecções pré-existentes, da professora Daniella Castanheira Bartholomeu, do Departamento de Parasitologia;
– Estabelecimento de um “Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Terapias Antivirais e Imunomoduladoras para covid-19, do professor Mauro Martins Teixeira, do Departamento de Bioquímica e Imunologia;
– Uma abordagem farmacológica multi-alvo para o tratamento da infecção causada por coronavírus e a prevenção de suas complicações, da professora Miriam Teresa Paz Lopes, do Departamento de Farmacologia
– Abordagem integrada de combate à COVID-19: Desenvolvimento de formulações vacinais, avaliação de imunobiológicos e compostos imunomoduladores, do professor Vasco Ariston de Carvalho Azevedo, do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução;
– Plataforma multidisciplinar de resposta a emergências da saúde com enfoque na covid-19, do professor João Trindade Marques, do Departamento de Bioquímica e Imunologia.
Redação: Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG