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Notícia

Pescado Capital: as desinformações geradas pelas fake news na produção de pescados.

Circulou recentemente na internet brasileira uma coluna publicada por um renomado profissional da saúde em que se criticava frontalmente o consumo de pescado produzido em aquicultura no Brasil e no mundo. Ao comparar a qualidade de tilápia e salmão produzidos em ambientes controlados a alimentos ultraprocessados, o profissional ignorou completamente os processos de controle e verificação pelo qual a produção aquicultora passa.
 
A publicação foi alvo de artigo em resposta produzido por autoridades no assunto, como os professores José Eurico Possebon Cyrino e Juliana Antunes Galvão da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo,  Daniel Yokoyama Sonoda do Instituto de Pesquisas e Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (PECEGE) de Piracicaba, e Célia Maria Dória Frascá-Scorvo, Presidente da Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática.
 
O artigo explica ponto a ponta as distorções presentes na publicação viral. Desde a quantidade produzida e exportada anualmente e a impossibilidade de fraude em função da rígida fiscalização de agências reguladoras, tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos (principal importador da produção chilena de pescado); passando pela falácia que significa retornar aos padrões de consumo exclusivo de seafood de pesca extrativa; até os prejuízos econômicos que a não observância das regras de produção geraria, impedindo o crescimento adequado dos peixes e sua subsequente comercialização. 
 
A Professora Lilian Vianna Teixeira do curso de Aquacultura da Escola de Veterinária da UFMG acredita que a disseminação de fake news sobre a área muitas vezes advém de interesses mercadológicos, mas muitas vezes também advém da falta de conhecimento e embasamento sobre os assuntos pertinentes ao campo. 
 
Para ela, o excesso de informações incorretas torna difícil para o leigo saber em que acreditar, piorando fortemente quando há divulgação precoce ou incompletos de alguns resultados de pesquisas. Lilian apresenta outras fake news que circulam na web sobre a produção de pescado, sua área de conhecimento. Segundo ela, um vídeo que circula já há algum tempo nas redes sociais intitulado “9 tipos de peixes que você não deve comer” compartilha desinformação sobre os níveis de gordura, supostamente excessiva, em tilápias, que na verdade não passam de 3%. Ela indica um texto explicativo do Professor André Muniz Afonso, da UFPR, que desmente informações falsas sobre o Panga, existentes no mesmo vídeo.
 
“O fato é que nunca recebemos nenhum lote de Panga no Brasil com inconformidades desses níveis. Ainda no vídeo, como em muitas outras fake news, há informações errôneas sobre uso de hormônios, antimicrobianos, pigmentação, composição nutricional, biomagnificação e bioacumulação, entre outros” ela explica.
 
Foto do arquivo pessoal da Professora Lilian Viana Teixeira
 
 
GEPPesc UFMG 
 
Coordenadora do Grupo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Pescado, a Professora Lilian explica que há sempre o contato constante entre os Grupos de estudo e os profissionais da área “Como a área abrange diversos assuntos assim como profissionais de diversas formações, os pesquisadores se agrupam por afinidade dos trabalhos. Assim temos grupos mais voltados para produção de peixes de água doce, outros para produção e processamento de rãs, outros para produção de camarão e até de formas diferentes de produção (aquaponia, biofloco, tanque escavado…)”. 
 
“Na minha área, que abrange processamento e inspeção de pescado, temos alguns grupos que, com ferramentas atuais como WhatsApp e Instagram, mantemos contato diariamente”. Ela relata que esse contato ocorre principalmente através das mídias sociais, muitos dos Grupos podem ser identificados nas postagens no perfil do GEPPesc no Instagram e em seu canal no YouTube.
 
Mesmo não estando presente no artigo que inspirou essa matéria, as atividades do GEPPesc são essenciais para evitar a disseminação de fraudes e notícias falsas acerca da produção de pescado. “Nosso grupo desenvolve estudos na área de identificação molecular e imunológica de espécies de pescado (visando coibir fraude), análises sensoriais na área, análises microbiológicas e físico-químicas para verificar o prazo de validade de peixe fresco e congelado em determinadas situações, toxicologia em peixes de áreas de rompimento de barragem, entre outras” explica Lilian. 
 
Para além das pesquisas, o grupo desenvolve atividades de extensão como cursos de processamento de pescado em comunidades; produção aquaponica de pescado e vegetais seguros para serem usados como alimentos em tribos indígenas afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão; treinamento de práticas de higiene para manipuladores de pescado cru em restaurantes; auxílio na implementação das boas práticas de fabricação para pequenas unidades de processamento; e cultivo de microalgas para alimentação humana e animal, reduzindo a pegada de carbono da produção. 

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