Os funcionários do Hospital Veterinário da UFMG receberam, com pesar, a notícia do falecimento de Olga. Não, ela não era uma colega de trabalho. Era a mascote do Hospital, uma gata que vivia há 14 anos na companhia dos funcionários. “Ela virou um mascote, não só dos funcionários, mas também dos próprios clientes. Ela criou um vínculo muito intenso”, disse Creide Aparecida da Silva, assistente da diretoria da Fundação.
A história de Olga é curiosa: em 1997, Cláudia Martins, aluna de Medicina Veterinária, a encontrou no estacionamento da Escola.
A gata sofrera uma fratura grave em uma das patas. Após tratamento no Hospital Veterinário, que resultou na amputação da pata ferida, ela recebeu um novo nome e passou a conviver com os funcionários do Hospital.
Olga era dócil e mantinha boa relação com todos. Escolhera locais específicos onde dormia e se alimentava. Segundo Júnia Menezes, veterinária, Olga se recusava a sair da área do Hospital. “Ela estava no Hospital há tanto tempo, que não conseguiu morar em outro lugar. Tentamos doá-la para um novo dono, mas ela não se adaptou, e teve que voltar a ficar aqui. Olga se integrou ao nosso ambiente, nosso cotidiano”. Funcionários notaram o emagrecimento da gata e, após exames, ela foi diagnosticada com linfoma. Chegou a receber tratamento de quimioterapia, mas não resistiu. “Infelizmente ela não conseguiu vencer essa batalha”, lamenta Júnia.
Além não aceitar viver longe do Hospital, Olga também não se afastava de um dos funcionários que tomavam conta dela. Joaquim Ribeiro Filho, tesoureiro do Hospital, fora “eleito” por ela como seu dono. “Conheci a Olga ainda filhote, eu era recém-formado”, lembra Joaquim. Uma vez, quando Joaquim tirou férias, Olga começou a ter queda de pelo em uma área do quadril. “Era uma alopecia psicogênica. Ou seja, ela sentiu falta do ‘dono’, o que resultou na queda do pelo”, comenta Adriane Pimenta da Costa Val Bicalho, professora do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias da Escola, que também cuidava de Olga.
Funcionários do Hospital lembram com nostalgia algumas peripécias da gata, como na vez em que ela arranhou o olho de um cachorro que havia se aproximado. “A dona fez um escândalo, disse que chamaria a polícia, o reitor, e tudo mais”, lembra a professora Adriane. Ou como ela, sempre que estava com sede, ficava ao lado de uma torneira na área exterior do Hospital e chamava a atenção do primeiro que passava para que a abrisse.
Olga foi enterrada na tarde de hoje, às 15 horas, na parte externa do Hospital. Vários funcionários que conviveram com a mascote nesses 14 anos estiveram presentes. “O Hospital e a Escola perderam um funcionário”, lamentou Adriane.