“A grande maioria dos envolvidos no trabalho vieram como voluntários e todos se dedicam muito. Eu vejo o compromisso e a satisfação do grupo como um todo”, é o que afirma a professora Christina Malm, do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, ao falar sobre o “Projeto Castração” do qual é coordenadora. O programa começou em março deste ano, e promoveu no último sábado, 28 de abril, o 3° encontro com a realização de 17 cirurgias.
A expectativa é de realizar 240 operações até dezembro com castrações a cada 15 dias. Além da professora Christina Malm, estão envolvidos no projeto docentes de outras instituições, médicos veterinários do hospital e alunos de graduação, pós graduação e residentes.
Além da cirurgia em si há também um trabalho educativo. Os bolsistas conversam com os proprietários dos animais e explicam a importância da castração, do controle populacional e da guarda responsável. Christina conta que essas informações também são transmitidas boca a boca “muitas vezes estas pessoas transmitem as recomendações para vizinhos, tornando-se porta vozes da nossa iniciativa”. Ela afirma também que o projeto é um importante passo na formação dos alunos.
A castração dos animais é direcionada à população de baixa renda e visa o controle populacional e a prevenção de doenças. “Grande parte dos animais castrados no projeto foram retirados da rua, de pessoas que não tem condições financeiras de pagar uma castração particular e cujos animais vão para a rua podendo cruzar e gerar uma gravidez indesejada”, explica a coordenadora.
É o caso da proprietária Neusa Lopes que cuida de animais abandonados há dez anos e atualmente possui 40 gatos. Tudo começou quando a filha achou um cachorrinho recém-nascido em uma lixeira e levou para a casa. Ela conta que quando o cachorrinho chegou já haviam três gatos na casa. Atualmente, os cachorros são encaminhados para ONG’s que promovem adoções, mas os gatos são todos criados lá. “Temos um médicoveterinário que colabora com consultas e medicamentos, e a comida a gente vai dando um jeito. A castração é muito cara e este projeto chegou em uma boa hora. Acho que a universidade deve seguir com ele”, diz Neusa.
“Mais animais castrados, menos filhotes abandonados”.
O slogan do projeto ilustra bem que tipo de situação se pretende evitar através desta iniciativa. O caso do gato Tico é apenas um dos inúmeros exemplos de como o abandono é cruel com os animais. O Tico chegou na Escola de Veterinária em novembro de 2011 trazido pelo carro do corpo de bombeiros com um arame farpado preso à pele, todo machucado. Foi tratado pelo pessoal do hospital e acabou sendo adotado pela enfermeira Sílvia Letícia Cupertino dos Santos. Agora, com 7 meses, foi operado na castração que houve no dia 28 de abril.
Situação que não é distante da realidade das pessoas e que inclusive motiva os alunos a participarem do projeto. A estudante Nathália Indiana de Sousa, do 6º período, afirma que a importância do projeto está, sobretudo, no seu caráter social. “O fato de atender pessoas de baixa renda e que não têm como arcar com os custos de uma castração é muito importante. Já passei por esse tipo de situação e sei como é difícil ter muitos filhotes e não ter para quem doar. Na rua o animal sofre muito e pode acabar transmitindo doenças aos outros”, afirma.