Entre os dias 2 e 4 de junho 2017 aconteceu a “XVIII Conferência Anual da Associação Brasileira de Médicos Veterinários de Equídeos”, a Abraveq. O evento teve aproximadamente trezentos trabalhos apresentados, e o grupo de pesquisa da Escola de Veterinária, o EQUINOVA (Núcleo de pesquisa e inovação para o desenvolvimento do agronegócio cavalo) foi contemplado com as premiações de 1º e 4º lugar na área de Clínica e Cirurgia.
A premiação do primeiro lugar pertenceu ao trabalho "Efeito da leucoaférese sobre o leucograma de equinos submetidos a modelo de sepse", que faz parte da tese de doutorado de Odael Spadeto Júnior, e tem como coautores Álvaro Oliveira, Cahuê Paz, Letícia Cota, Thairê Maróstica, Rodrigo Ribeiro, Patrícia Duarte, Pierre Escodro e Rafafel Faleiros. A pesquisa realizou a Leucoaférese, que é a retirada de leucócitos da circulação sistêmica dos cavalos, em uma condição de sepse induzida experimentalmente.
“O trabalho consistiu no uso de 12 equinos que foram divididos em 2 grupos, sendo um deles o grupo controle e o outro o grupo em que foi realizada a Leucoaférese. Em ambos, induzimos sepse, que é uma condição fatal de infecção e induz a Laminite do cavalo, uma doença fisiopatogênica que atinge o casco dos animais. Em um desses dois grupos, nós colocamos em uma máquina de circulação extracorpórea, que faz a separação dos leucócitos nos cavalos. Quando fizemos a Leucoaférese no equino, deduzimos que os efeitos da sepse seriam menores na Laminite. A tese de fato se comprovou, pois ao retirar os leucócitos os índices de casos de Laminite diminuíram drasticamente ou tiveram um impacto muito brando sobre os cavalos. Podemos dizer que essa pesquisa foi inovadora e salvou diversos animais” afirma o responsável pela pesquisa o doutor Odael Spadeto Junior.
Foto Leucoaférese
A premiação do quarto lugar foi do trabalho "Análise cinemática da amplitude da passada em equinos com laminite crônica tratados com diferentes órteses para casco”. A pesquisa se baseou nos dados parciais da tese de doutorado em Ciência Animal de Cahuê Francisco Paz ,e tem como co-autores Thairê Maróstica, Julia Guedes, Álvaro Oliveira, Letícia Cota, Larissa Andrade, Patrícia Duarte, Túlio Fernandes, Leopoldo Paolucci, André Andrade, Luiz Lago e Rafael Faleiros. Trata-se de um projeto multidisciplinar que recebeu o apoio do laboratório de biomecânica da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) e da Escola de Engenharia. A pesquisa teve duração de 30 dias, e todas as atividades foram realizadas dentro da UFMG.
Entrevistamos o doutor Cahuê Francisco Paz para entender melhor os objetivos de sua pesquisa.
“A pesquisa visa compreender melhor o mecanismo biomecânico de cavalos com Laminite. Hoje em dia, dentro dos tratamentos que temos para essa doença, grande parte deles são considerados subjetivos, ou seja, eles têm origem de um conhecimento empírico. Durante vários anos, as pessoas utilizaram desses tratamentos e os resultados obtidos foram muito variáveis. De forma alguma, estamos desmerecendo essas alternativas, entretanto é justamente nesse ponto que a pesquisa realizada é importante, pois a análise por vídeo valida esse conhecimento e acaba oferecendo resultados mais objetivos, do tipo como determinar as melhores órteses e o porquê disso. Trata-se de um experimento inédito, sendo o primeiro do mundo que faz uso da análise por vídeo da cinemática e da biomecânica de cavalos com laminite para entender o comportamento desses animais, e resposta deles em relação aos tratamentos.”
Foto experimento do doutor Cahuê
Para ambos os pesquisadores, a experiência de participar do Equinova foi extremamente estimulante e gratificante.
“Foi um projeto bacana, mas também bastante intenso!” lembra Odael. Cahuê relata que sua pesquisa passou por diversas dificuldades em função da limitação e restrição do próprio espaço físico, principalmente do Hospital Veterinário:
“Assim como todos os outros colegas do projeto, nós enfrentamos diversas barreiras, sejam elas financeiras, físicas ou burocráticas. Mas, mesmo assim, recebemos ajuda tanto da direção da Escola de Veterinária quanto da direção do Hospital Veterinário e somos gratos por isso. Assim, foi possível transpor esses obstáculos e fazer a pesquisa dentro do Hospital. Participar do Equinova foi um satisfação enorme, principalmente ao realizarmos um trabalho com todos esses desafios e ainda receber um reconhecimento como essa premiação.”
A pesquisa do doutor Odael Spadeto será apresentada nos Estados Unidos pelo coautor Álvaro de Oliveira.
“Estamos com uma expectativa bem positiva sobre o nosso trabalho, especialmente em relação aos resultados e do que ouvimos dos outros pesquisadores.” diz Odael.
Prêmio do doutor Odael