Universidade Federal de Minas Gerais

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Notícia

Girolando: uma mistura que dá certo

Conhecido por sua viabilidade econômica, o gado Girolando foi criado a partir do cruzamento de touros da raça Holandesa (pura européia) com vacas da raça Gir (pura indiana). Hoje, o cruzamento contrário também acontece. Muitos criadores utilizam o touro Gir em vacas da raça Holandesa. As técnicas reprodutivas utilizadas são monta natural, inseminação artificial ou fertilização in vitro (muito comum atualmente). O objetivo do cruzamento do gado Gir com o Holandês é trabalhar com o animal 5/8, que já é considerado uma raça.

O Girolando nada mais é do que o fruto de um trabalho genético que vem sendo feito nesses animais, que mostram potencial de assumirem o espaço aberto pelas raças puras.  Trabalhar com raças puras europeias para produção de leite, como a raça Holandesa, traz limitações de produção desses animais no clima tropical. “O Girolando vem preencher justamente essa lacuna e gerar um sistema de produção com maior sustentabilidade”, explica o professor Ronaldo Braga Reis, professor de Bovinocultura de leite do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG.

Outro avanço em termos de genética é que o teste de progênie dentro da raça Girolando, que avalia a capacidade do touro gerar uma prole com características produtivas de qualidade, está se solidificando cada vez mais. Hoje já é possível utilizar reprodutores Girolando com um bom grau de confiança.

Essa mistura de raças favoreceu a criação de um gado rústico e produtivo, características que fazem com que animais advindos do cruzamento de raças especializadas leiteiras com animais zebu sejam responsáveis por mais de 80% do leite produzido no Brasil.

Segundo o Helton Mattana Saturnino, também do Departamento de Zootecnia, uma vaca da raça Holandesa pura, em geral, é mais exigente em termos nutricionais. “Ela é menos adaptada às condições tropicais, e é mais susceptível a infestações por endo e /ou ecto parasitas como os carrapatos. Sendo que os animais das raças Zebuínas, como o Gir, são mais resistentes a estes parasitas e, portanto menos susceptíveis às doenças como, por exemplo, as transmitidas pelo carrapato. Esta resistência do zebu favorece os animais cruzados” explica o professor.

O professor Ronaldo explica que “na realidade, quando se fala em animal Girolando, estamos pensando em uma raça de dupla aptidão: fêmeas que produzem leite, e machos que podem ser destinados ao mercado de produção de carne. E as vacas produtoras de leite, quando forem descartadas do rebanho, vão ter um bom valor de mercado também para produção de carne”. Essa é outra vantagem desse gado, ser também propício ao abate.

O crescimento do Girolando tem tido uma expansão razoável e um comércio muito ativo, pela adaptação ao clima e boa produção. Mas depende do manejo, tanto sanitário, quanto nutricional e reprodutivo. “O crescimento da raça tem sido exponencial. Nos últimos anos, os animais Girolando ganharam muito valor de mercado e o grau de crescimento é fantástico”, completa Ronaldo.

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