No dia 13/09, a Escola de Veterinária da UFMG recebeu Raquel Fernandes, artista plástica e egressa da Escola, para o lançamento de seu livro “Entre crinas e cores”. A obra reúne um conjunto de releituras feitas pela artista, nas quais ela inclui cavalos no cenário de grandes obras da História da Arte.
O evento contou com a participação de Luiz Felipe Menin, cavaleiro paraequestre profissional, que foi entrevistado para a primeira obra da artista, “Ser cavaleiro além do montar”, publicado em 2021.
Natural de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais , Raquel cresceu visitando a fazenda de seu avô, em Corinto, onde ela teve seu primeiro contato com os cavalos. Também foi com a família que ela desenvolveu o gosto pela arte: diversos familiares exerciam atividades artísticas, e as crianças eram incentivadas a brincar de desenhar. E, desde criança, Raquel já desenhava os amados cavalos.
A paixão pelo animal é inexplicável. Para Raquel, apesar de o cavalo ser visto como um animal forte, a sua melhor característica é a sensibilidade: “Eles ensinam muito para nós sobre relacionamentos, como lidar com o outro, ter paciência, ser respeitoso”, ela relata.
O amor pelos cavalos a levou ao curso de Medicina Veterinária da UFMG. Após se formar, ela exerceu a profissão durante anos, até abandoná-la e optar por seguir carreira como artista, especializada em pintura equestre.
A transição apresentou dificuldades. No Brasil, Raquel conta, a arte é vista como um hobby, não como uma profissão. O desconhecimento sobre a arte também é um empecilho: “Muitas pessoas acham que a arte é algo muito distante e difícil”, a artista conta. Com o seu trabalho, ela busca reverter esse cenário e valorizar a profissão: unindo a imagem dos cavalos, um animal do qual muitas pessoas gostam, com fatos sobre a história da arte, ela permite que o público tenha um acesso lúdico ao universo artístico. Além disso, Raquel comercializa canecas, impressões e camisas com as suas ilustrações por um preço mais acessível, a fim de que as pessoas se aproximem da sua arte.
O novo caminho profissional também trouxe conquistas importantes: em 2018, sua obra “Metamorfose” foi exibida no Salão Internacional de Arte Contemporânea no Museu do Louvre, em Paris. Foi um momento de grande emoção: “Meu quadro estava a algumas poucas paredes de distância da Mona Lisa!”.
A rotina profissional consiste, em maior parte, em reproduções feitas sob encomenda, normalmente com uma foto do animal como referência. Esse estilo tende a trabalhar mais a técnica, e menos a criatividade. Foi o desejo de Raquel por explorar e desenvolver mais a sua criatividade que a levou a iniciar o trabalho com as releituras que agora estão no livro “Entre crinas e cores”.
Reimaginar as obras de alguns dos maiores artistas da história foi um projeto audacioso, que exigiu muita dedicação e estudo da artista. Raquel procurava as obras dos artistas na internet ou em exposições e as analisava a fim de entender as características de cada artista. A meta era fazer uma releitura inovadora e coerente, que superasse a mera inserção do cavalo na pintura e expressasse as características da obra original. Escolher uma preferida é impossível, mas o processo atribuiu maior valor emocional para algumas obras. Entre elas, Raquel destaca a releitura de “Narciso” de Caravaggio, que teve um processo longo e difícil, mas recompensador.
Antes de “Entre crinas e cores”, Raquel publicou “Ser cavaleiro além do montar”, um livro introdutório ao comportamento equino, que aborda temas como comunicação, adestramento e treinamento. Ambas as obras, de publicação independente, fazem uso de uma linguagem simples, com o intuito de atingir os usuários do cavalo que não são especialistas nem estudiosos da área.
Agora, um de seus objetivos é abrir uma editora independente com foco na publicação de livros sobre a área equestre para o público em geral, que não é contemplado pelas publicações existentes. Assim, ela pretende levar conhecimento às pessoas unindo as suas duas maiores paixões: a arte e os cavalos.
A exposição “Entre crinas e cores” está disponível na sala de exposições do CEMEMOR até o fim do mês de setembro. Para visitação, é necessário agendamento.
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