
Mirella D’Elia, bolsista do projeto, explica como são feitas as análises. “Quando o animal chega a alguma das instituições parceiras é preenchida uma ficha de dados contendo suas características, detalhes de origem e estado de saúde geral. Então, realizamos uma triagem dessas informações, tentamos encontrar geograficamente essa localização, e traçamos um raio, a partir do lugar em que ele foi capturado e da média de território utilizado por cada espécie. Com isso, é possível avaliar todo o ambiente do qual ele faz uso, e o quanto foi alterado pelas ações humanas. Da correlação feita entre a área alterada e os agentes encontrados pelos exames, é avaliado o quanto o ser humano pode estar impactando nas populações de vida livre e na conservação das espécies estudadas”.
O professor Pedro Lithg ainda destaca outro fator que amplia a importância do projeto. “Ele tem importância na saúde
pública porque dá condições de monitorar a circulação de determinados agentes no ambiente. A proximidade dos animais silvestres com o ambiente urbano possibilita o contato entre populações desses animais com os domésticos. Então, não sabemos qual é a potencialidade de reservatório dos animais domésticos e silvestres para determinado tipo de agente etiológico (nome dado ao causador de alguma doença). E com base nesses diagnósticos, temos condições de monitorar estes agentes”.
O projeto, que recebeu o nome de Avaliação Epidemiológica de Canídeos e Felídeos Silvestres Provenientes de Vida Livre das Cinco Regiões do Brasil, conta com uma atividade inovadora: criar um “gradiente antrópico” que possa ser aplicado para avaliar o nível de degradação do ambiente. Este padrão criado terá uma variação de acordo com o bioma estudado e, com isso, poderá ser utilizado por outros pesquisadores que trabalhem com a epidemiologia e conservação de animais silvestres. “Através de parâmetros de uso do solo, e a partir dessas análises do ambiente, é possível estabelecer esses graus de antropização (transformação que o ser humano exerce sobre o meio ambiente)”, afirma o professor Pedro.
O projeto é aberto aos estudantes de Medicina Veterinária que estejam interessados em participar. Para isso, é necessário que a vacinação do aluno esteja em dia e que ele entre em contato com o professor responsável ou com os bolsistas participantes.