Universidade Federal de Minas Gerais

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Notícia

Disciplina da graduação trabalha a importância das vacinas

Com o aparecimento da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) no século passado, a imunologia obteve grandes avanços. Diversos mecanismos moleculares e celulares de combate aos agentes infecciosos foram elucidados na tentativa de deter a doença. Esse fato possibilitou o desenvolvimento e produção de melhores antígenos e substâncias para serem agregados às vacinas.  A Escola de Veterinária da UFMG possui uma disciplina de graduação intitulada "Produção e Controle de Produtos Biológicos", que trabalha exatamente com essas questões. A disciplina é ministrada pelo professor Jenner Karlisson Pimenta dos Reis, um dos responsáveis pelo Laboratório de Retroviroses da instituição.

Antes a eficiência das vacinas era medida pela produção de anticorpos. Entretanto, o anticorpo por si só não consegue neutralizar os vírus, pois esses estão dentro da célula infectada. Outros mecanismos denominados celulares devem ser ativados pelas vacinas virais. “O que interessa em uma vacina é escolher um determinado antígeno – princípio ativo da vacina que induz a proteção, evitando o surgimento da doença nos indivíduos imunizados”, explica Jenner.

Atualmente, não é mais necessário trabalhar com as toxinas nativas, por exemplo, como era feito no passado. Uma nova forma de trabalho é constituir toxinas recombinantes, a partir da engenharia genética. “Com isso, pode-se aumentar a capacidade de produção, eliminar o risco de contaminação ou de infecção das pessoas que trabalham com vacinas e dos animais, além de diminuir o risco de contaminação ambiental”, ressalta o professor. É possível até, construir antígenos mais específicos, com pequenos pedaços dos agentes infecciosos denominados imunodominantes que são agrupados em um único princípio ativo. Esses antígenos favorecem a uma resposta imune mais robusta do animal e, consequentemente, a uma vacina mais eficiente.

Grandes avanços têm ocorrido para o entendimento dos mecanismos de ação das vacinas e construção de novos antígenos. “Temos o conhecimento de como a resposta imune funciona para cada tipo de infecção. Sabemos qual tipo de resposta é importante diante uma infecção bacteriana, infecção viral ou por protozoário” afirma Jenner. Segundo ele, esse conhecimento favorece a criação de antígenos melhores, além de possibilitar a manipulação do sistema imune para que ele monte uma resposta mais efetiva. 

Retroviroses

O grupo do Laboratório de Retroviroses desenvolve um programa de pesquisa baseado em estudos epidemiológicos, imunológicos e moleculares dos retrovírus. Algumas doenças investigadas pelo grupo são a Anemia Infecciosa Equina (AIE), a Leucose Enzoótica Bovina (LEB), Vírus da Imunodeficiência Bovina (BIV), a Imunodeficiência felina (FIV) e a Artrite e encefalite caprina (CAE). O objetivo é fornecer informações importantes que serão aplicadas no desenvolvimento e avaliação de estratégias para prevenção e controle dessas retroviroses. E essas estratégias estão intimamente relacionadas com as vacinas. Por isso, é fundamental entender o seu funcionamento e aprimorá-lo, a exemplo do que é realizado no laboratório.

Os trabalhos realizados pelo grupo são de desenvolvimento de antígenos a partir da engenharia genética. O enfoque é no diagnóstico, mas os antígenos podem ter um potencial para o uso em vacinas. Algumas patentes internacionais já foram produzidas baseadas nesses produtos e processos desenvolvidos pelo laboratório. “As retrovisores que trabalhamos aqui estão muito relacionados com o HIV, apesar de nem todos eles causarem a mesma doença”, diz Jenner Karlisson. O professor destaca a Imunodeficiência Felina. “É um vírus que causa uma doença em gatos exatamente igual ao HIV em humanos. Afeta os mesmos tipos de células e os exames de diagnósticos são muito parecidos”, completa.

Disciplina

Toda essa dinâmica utilizada no laboratório é passada para os alunos de graduação da Medicina Veterinária por meio da disciplina "Produção e Controle de Produtos Biológicos". Ministrada pelo professor Jenner, a disciplina possui o objetivo de mostrar o histórico do desenvolvimento de vacinas e a da tecnologia empregada para prevenção e tratamento de doenças que afetam os animais domésticos. “Vamos visitar as empresas que fazem a produção dessas vacinas, ver como é todo o processo industrial. Então além dos processos técnicos, vamos ver como é a dinâmica industrial, os requisitos de biossegurança e de controle de qualidade. Depois vamos visitar o Ministério da Agricultura para ver como essas vacinas são avaliadas”, diz o professor.

Dessa forma, o aluno vai entender a história, o desenvolvimento e os mecanismos de funcionamento de uma vacina, se ela é realmente efetiva e quais fatores que comprometem o seu funcionamento. As questões de administração da vacina, por exemplo, são importantes para que esta produza uma resposta satisfatória. “Saber a via de aplicação de uma vacina que pode ser subcutânea, intramuscular ou oral, como conservá-la e o momento apropriado para que o animal seja vacinado é decisivo para um bom resultado”, explica Jenner.

Questões mais individuais como condições de nutrição do animal e se eles estão imunodeprimidos também interferem na imunização. “Para garantir uma proteção é preciso saber disso tudo, não basta aplicar uma vacina. Se os animais não tiverem devidamente protegidos, vão contrair a doença”, enfatiza o professor. “Por isso, é importante ter uma disciplina acadêmica que aborde esses fatores”, conclui.

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