Face à pandemia do novo coronavírus, chamado de SARS-CoV-2 que se alastrou nas últimas semanas, muitas pessoas têm se perguntado se os animais domésticos de nossa convivência, sobretudo cães e gatos, também estão suscetíveis a desenvolver a COVID-19, doença causada pelo vírus. A resposta ainda é bastante nebulosa, tais quais as respostas de todas as outras questões sobre a doença, visto que os estudos sobre ela são tão recentes quanto a própria doença.
O que já se sabe, entretanto, é que houve a detecção molecular de pequenas quantidades do SARS-CoV-2 nas secreções respiratórias de um cão idoso da raça Lulu da Pomerânia em Hong-Kong, cujo tutor havia desenvolvido a doença. Entretanto, especialistas NÃO acreditam que animal estava realmente infectado, e que provavelmente teria ocorrido uma contaminação das vias respiratórias do cão. Até o momento, não há mais nenhum relato de cães e gatos infectados com o SARS-CoV-2, associada à COVID-19.
Encontrado nas secreções anais dos morcegos, segundo a virologista Érica Costa, especula-se que o SARSV-CoV-2 tenha sido transmitido aos humanos pelo pangolim, animal vendido em mercados chineses, sendo essa espécie de mamífero o hospedeiro intermediário entre o morcego e o homem.
Mesmo havendo vacinas para coronavírus desenvolvidas para cães, não há, entre especialistas, a crença de que haja reação cruzada de proteção em relação ao vírus que provoca a COVID-19, já que o novo coronavírus é muito diferente do vírus que infecta cães, assim como os vírus que infectam outros animais domésticos, como gatos e galinhas, lembra Érica. São vírus distintos, pertencendo a outra espécie e outro gênero. A pesquisadora enfatiza que as vacinas contra coronavírus existentes para cães NÃO foram desenvolvidas para humanos e NÃO devem ser aplicadas em humanos em hipótese alguma. Tomar uma vacina desenvolvida para cães pode causar reações alérgicas anafiláticas graves e colocar a saúde da pessoa em risco.
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Material elaborado pelo CRMV-MG alertando sobre Fake news disseminada
na web acerca da vacina para coranírus animal.
A partir disso, recomenda-se que sejam adotadas, em relação aos pets, as mesmas medidas de proteção que estão sendo tomadas em relação a pessoas. Caso seu animal precise de consulta de rotina com um veterinário, marque por telefone um horário e compareça apenas na hora agendada para evitar aglomerações e/ou filas.
Se você estiver doente ou com suspeita da doença, deixe seu pet com algum familiar ou amigo que esteja saudável e disponível para cuidar dele, deixando já de antemão um kit com comida e medicamentos que sejam eventualmente necessários por um período de duas semanas. Além disso, se você desconfia que seu animal também possa estar infectado entre em contato com seu veterinário e/ou autoridades sanitárias responsáveis.
Essas recomendações foram baseadas em um documento elaborado pela Associação Norte-Americana de Médicos Veterinários, disponível aqui; e em um vídeo produzido pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária -MG com a professora Érica Azevedo Costa, virologista e professora adjunta no Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Escola de Veterinária da UFMG que também elaborou um documento com a respeito da COVID-19 em animais disponíveis neste link.
[ATUALIZAÇÃO]: A Professora e Virologista Érica Costa, nos mandou novas atualizações sobre assunto após a publicação da matéria, confira o documento sobre o link clicável.