Símbolo de uma das mais tradicionais festas religiosas da nossa cultura, o coelho deixou de ser um animal criado apenas para o abate e vem conquistando cada vez mais espaço como um animalzinho de companhia, assim como gatos e cachorros.
Os coelhos foram animais criados com a intenção de produzir apenas carne e pele. Começaram a ser domesticados nos últimos 2000 anos e atualmente são reconhecidas 66 raças de coelhos e dentre elas, mais de 150 variedades. Ao contrário do que se pensa, não são roedores, mas sim da ordem dos Lagomorfos. Entre essas raças, há um grupo especialmente selecionado para serem animais de estimação. Essa seleção foi feita a partir de seu tamanho, menor que o comum, e por suas características físicas.
As raças mais comuns de coelhos de estimação são: Mini Lop, Fuzzy Lop, Branco de Hotot, Mini Holandês, Mini Rex e Lion Head. Cada um possui características físicas bem distintas, mas o temperamento de todos eles é parecido.
Existem grandes vantagens em se criar coelhos, como o baixo custo de manutenção e a facilidade em criá-los em casas e apartamentos pequenos. Coelhos são muito inteligentes e interagem bastante com a família que os cria. São ótimos companheiros, dóceis e muito carinhosos. Não fazem barulho, não trazem nenhum tipo de transtorno ou incômodo para a vizinhança e, se educados, não rasgam roupas e calçados. Além disso, não crescem tanto como outros bichinhos. “Os coelhos de raças anãs não ultrapassam o peso de 1kg quando adultos” esclarece o professor Walter Motta, especialista em coelhos do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG.
A expectativa de vida dos coelhos é um pouco menor que a de um cãozinho, se bem cuidados vivem em média 10 anos, mas existem relatos de 13, 15 e até 17 anos.
Países como Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra tem mais tradição na comercialização de coelhos como animais de estimação. Por ser um mercado novo aqui no Brasil, precisamos dar mais atenção a ele, "estudar e propor melhores condições de promover a saúde dos animais e, sobretudo, fazer um controle mais rigoroso das raças originais para conservar um material genético de qualidade” alerta o professor Walter.
Cuidados
Apesar de não serem roedores eles têm sim o hábito de roer. Por isso, alguém que resolva criar um coelho como animal de companhia deve estar atento a fios expostos em locais que os animais tenham acesso, pois eles podem roer e estragar os objetos ou pior, morrerem eletrocutados. Além disso, os coelhos de estimação possuem hábitos noturnos, assim como os coelhos de produção ficam mais ativos à noite e os donos devem se acostumar a isso.
Coelhos devem ser mantidos em gaiolas protegidas de incidência direta de corrente de ar boa parte do tempo, pois assim criam o hábito de fazer suas necessidades, comer e dormir num mesmo local. “Quando um coelho doméstico é criado em total liberdade, como em um quintal, ele não se apega tanto à família que o cria e desenvolve hábitos como os de seus parentes na natureza, fica mais territorialista, se suja com frequência e cava buracos no chão, podendo até escapar do recinto” explica o professor.
Se o coelho for mantido dentro de casa ou de um apartamento, a atenção deve ser grande. “Por terem hábitos noturnos costumam procurar locais para se esconder durante o dia e assim podem ficar presos atrás de móveis, ou se machucarem tentando se esconder” alerta a cunicultora Nayara Mendes da Casa dos Coelhos e Cia.
Alimentação
A alimentação dos coelhos também deve receber muita atenção dos proprietários. “A água nunca deve faltar, principalmente no período de calor. A ração granulada de boa procedência deve ser dada todos os dias em quantidade suficiente para satisfazer o coelhinho conforme sua recomendação. Para dar uma “guloseima” a ele de vez em quando, prefira oferecer folhagens murchas ou secas, ou até fenos como o de Alfafa ou Tifton, mas em pequenas quantidades. E não se deve dar alface, ou verduras frescas, pois podem causar problemas intestinais” relata o professor Walter.
E sobre a cenoura, tida na cultura popular como o principal alimento dos coelhos o professor alerta “Coelhos podem comer cenouras como petisco. Mas, não como alimentação rotineira. Qualquer tubérculo ou folhagem com muita água pode acarretar diarréias em coelhos mais jovens.” esclarece o professor.
Convivência com outros bichos
Coelhos podem conviver bem com qualquer outro animal, mas cachorros e gatos costumam não serem boas amizades por serem naturalmente predadores, por isso, antes de deixar que brinquem juntos, é melhor verificar a reação do outro animal.
Saúde
Coelhos não precisam de vacinação, mas devem ser tratados contra parasitas internos e externos a cada 6 meses, “os parasitas externos de maior relevância são os ácaros que desenvolvem a sarna sarcóptica e psoróptica (corpo e orelhas, respectivamente) e os fungos que cometem as micoses. No caso dos parasitas internos o maior cuidado deve-se a Eimeria stidae que causa a doença conhecida como coccidiose. Coelhos criados no chão em contato com a terra e as fezes tem maior risco desta última” explica o professor Walter. Em caso de alguma doença ou lesão, recorra ao veterinário mais próximo.
A cunicultora Nayara Mendes nos dá mais dicas de como criar e cuidar desse bichinho.
Crianças pequenas podem interagir com eles?
Sim. Lembrando que devem ser supervisionadas e orientadas quanto a não apertar os coelhos e nem deixa-los cair no chão.
Pode dar banho?
Não é necessário, mas caso queira, deve leva-lo até um petshop especializado ou, se for dar banho em casa, deve secar o pelo com secador imediatamente após o banho.
Podem morar vários coelhos juntos em uma mesma gaiola ou ambiente?
Sim, desde que sejam somente machos ou só fêmeas, nunca deixar vários machos e fêmeas juntos, pois haverá disputa de território.
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