Está em exposição desde o mês de setembro o Memorial Francisco Megale, promovido pelo Centro de Memória da Veterinária (Cememor-Vet) da Escola de Veterinária da UFMG. O projeto é um espaço virtual criado para homenagear uma pessoa fundamental para a história da Medicina Veterinária no Brasil, o professor Francisco Megale.
Guilherme Fernandes de Oliveira, integrante do Cememor-Vet, afirma a importância de visitar o memorial, não só para aqueles que são da Medicina Veterinária, mas para pessoas de todas as áreas:
“Muitas vezes não conhecemos a importância de um professor e sua trajetória, ainda que conheçamos seu nome. Visitar um memorial é essencial principalmente no caso do professor Megale, que para além de um incrível profissional, com contribuições na área de reprodução animal, também foi muito ligado à inovação e à tecnologia. Ele era uma pessoa à frente de seu tempo, gostava do novo; do conhecimento; de entender e incorporar coisas novas. Acho muito interessante perceber pessoas que mesmo há anos atrás já pensavam em inovações.“
O Memorial
Pensado anteriormente como uma exposição presencial, quando a equipe do Centro de Memória adquiriu um scanner para digitalizar os slides da coleção do professor, a proposta ficou parada em razão das dificuldades do contexto pandêmico. Mas frente à constante busca de alternativas virtuais que permitissem que o Cememor continuasse em atividade, o grupo reformulou o projeto para ser uma mostra virtual, com previsão de 1 ano de duração, aproximadamente.
Por meio de entrevistas e contribuições de familiares, colegas de trabalho e ex-alunos de Megale, o grupo teve acesso a diversas fotografias e informações do professor. A equipe já estava atuando virtualmente com a produção de vídeos e podcasts, mas esse é o primeiro projeto virtual de caráter expositivo do Cememor-Vet. O Memorial conta não apenas com o panorama histórico e profissional do professor, mas também com suas contribuições para a Medicina Veterinária; depoimentos de familiares; colegas; sua coleção de slides e uma galeria de fotos concedidas por sua família.
Começando sua trajetória acadêmica na Escola Superior de Agricultura e Veterinária em Viçosa, Francisco Megale teve passagens em universidades dos Estados Unidos, do Canadá e em diversas universidades do Brasil. Entre os anos de 1942 e 1984, ele atuou como professor na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais . O professor prestou serviço a várias instituições brasileiras, além de ter inúmeros reconhecimentos por trabalhos concedidos à Medicina Veterinária, na área de Reprodução Animal.
Dentre o vasto acervo presente no Memorial, destaca-se a coleção de slides de Megale. Em torno da década de 70, quando ministrava para a pós-graduação na Escola de Veterinária, o professor utilizava slides fotográficos com experimentos e casos clínicos registrados por ele. Essa coleção de slides foi mantida e hoje compõe o acervo do Centro de Memória da Veterinária junto com o laparoscópio do pesquisador, que representa seu papel na história da endoscopia do Brasil. Tal coleção não só ilustra a relação do professor com imagens e com a tecnologia, já que estava sempre acompanhado de uma máquina fotográfica, mas também sua dedicação com a divulgação científica e com o conhecimento brasileiro. O professor permitia que seus orientandos tivessem acesso ao material, o que ilustra sua preocupação pela busca de informação:
“Acho que também é sobre a importância da universidade e da educação. Megale tinha essa coleção enorme mas não era para benefício próprio. Ele compartilhava isso com as pessoas e acho que é interessante ver como a universidade é um lugar que permite conhecimento, que busca inovação. É uma valorização não só da UFMG, mas da universidade como um todo, principalmente a brasileira. Mais do que isso, é preservar a memória de alguém que foi um importante professor e pesquisador, além de uma boa pessoa a ser lembrada”, afirma Guilherme.
O papel da memória
Assim como a coleção de Megale, o projeto é riquíssimo e é muito importante pois permitiu a conservação dos arquivos do professor, além da preservação e valorização de sua memória. Guilherme conta da importância de Megale não apenas como pesquisador, mas como uma pessoa extremamente dedicada aos estudos e ao conhecimento:
"Megale era um visionário, um revolucionário, e isso traz inspiração para nós, ainda mais em um momento em que a pesquisa não é incentivada". O estudante conta ainda sobre como os projetos que envolvem a memória reforçam o sentimento de relações pessoais e de ligação com o outro. "Eu percebo que a memória e os projetos realizados no Cememor acabam ligando mais as pessoas, que ao final do projeto percebem que podem se conectar com o passado, com alguém que não conhecem, ou conhecem apenas de nome, e também com as outras pessoas ao redor delas. Acho que gera um sentimento em quem conhece, de lembrar do relacionamento, e de quem não conhece, de começar a criar um laço, tanto com essa pessoa, com a memória dela; quanto com a instituição; e com as outras pessoas também".
O estudante acredita que a partir desse processo começamos a dar mais valor ao outro, já que para além de sua trajetória profissional, vemos um lado mais humano do homenageado, com suas histórias e casos pessoais. Assim, ele pensa que esse é um aspecto que humaniza um pouco mais a pessoa, e pôde ser realizado com o professor Megale.
Como um espaço dedicado à preservação da memória material e imaterial da Escola de Veterinária, o Centro de Memória da Veterinária tem expectativas de continuar seus projetos, sempre recordando de pessoas que foram importantes para a Escola de alguma maneira.
Você pode clicar aqui para acessar o Memorial Francisco Megale e ter acesso ao incrível trabalho realizado pelo Cememor-Vet. Não deixe também de acompanhar o site e as redes sociais do Centro de Memória para não perder os próximos projetos! Não vai ficar de fora dessa, né?
