Em parceria com o Instituto de Ciências Agrárias (ICA) de Montes Claros, sob a co-coordenação do professor do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, Livio Ribeiro Molina, o projeto “União pelo desenvolvimento da Pecuária Familiar (Unipec)” fortalece um dos importantes pilares da Escola de Veterinária da UFMG: o investimento em ideias e conhecimento aliado ao compromisso social.
O professor Áureo Magalhães Ribeiro, do ICA é o coordenador principal do macro projeto chamado Rede de Troca de Saberes, cuja ideia básica é a preservação de saberes tradicionais com saberes científicos, voltados para a agropecuária familiar. Assim, a Escola de Veterinária se aproximou desse projeto e ciou um subprojeto de apoio ao micro produtor do médio Jequitinhonha, o Unipec.
O Unipec está, também, associado ao “Território da Cidadania do Médio Jequitinhonha”, um núcleo geograficamente definido criado pelo Ministério do desenvolvimento Agrário. Nesse território existe um comitê de desenvolvimento que, a partir de reuniões periódicas, traça linhas de demandas específicas para melhoria da qualidade de vida daquele território. São várias as áreas, mas no caso da Escola o foco é a melhoria das condições de agropecuária e de comercialização, associada a condições de sustentabilidade.
“De maneira geral, os produtores dessa região vivem da agricultura familiar, principalmente do plantio de mandioca, milho, feijão e cana de açúcar. Também, em algumas fazendas, há a produção de hortifrúti granjeiro e micro produtores de pecuária. Dessa forma, esses produtores se utilizam dos saberes tradicionais, acumulados ao longo dos anos, da prática e da história familiar. Acreditamos que, não só do ponto de vista produtivo, mas também cultural, é importante a preservação desses saberes. Todavia, o acréscimo dos saberes científicos pode ajudar na produtividade, trazendo melhoria nas condições de vida desses produtores”, explica o professor Lívio Molina.
A equipe do Unipec conta com professores e alunos da graduação e, inicialmente o projeto atuou em três municípios (Ponte dos Volantes, Coronel Murta e Pedra Azul), realizando trabalhos em campo e grupo de discussões. “A ideia é discutir as técnicas utilizadas na produção, incorporando ao dia-a-dia do produtor um conhecimento mais específico sobre cuidados higiênicos, alternativas de aumento da produtividade, sustentabilidade, manejo dos animais, etc…”, diz Lívio.
O objetivo do projeto é articulação e adição. “Trabalhamos para unir o conhecimento técnico ao prático. Somar os saberes adquiridos em ambiente acadêmico aos saberes que são transmitidos pela prática e pela história, gerando uma simbiose de aprendizado”, conclui o professor.
Trocando saberes:
O excesso de matéria orgânica gerado na fazenda é importante para a melhoria da produtividade da cana de açúcar, por exemplo, quando usada como adubo natural. Mas, o produtor utiliza a produção da cana, principalmente, para a produção de rapadura. E durante esses grupos de discussões, o produtor (que trabalha no canavial há anos) explica que quando é usado esterco de vaca no canavial, salga a rapadura.
Explicação técnica: isso acontece porque o esterco muda a composição dos fluidos e líquidos que compõe a seiva da cana alterando o perfil de constituição do caldo de cana, trazendo um gosto indesejável ao produto final.