Com o objetivo de fornecer aos alunos uma aproximação prática do conteúdo teórico das disciplinas relacionadas à Maricultura, surgiu em 2012 as Aulas Práticas Integradas em Aquacultura (Apiaqua’s I, II e III). As Apiaqua’s são disciplinas optativas ofertadas pelo Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária, coordenadas pelos professores Kleber Campos Miranda Filho e Cintia Nakayama. Consistem em viagens para propriedades de produção aquícola e ou instituições de pesquisa relacionadas à área para a realização de trabalho de campo. Dessa forma, visam atender a demanda prática da área de Maricultura que o curso de Aquacultura não pode oferecer devido à distância geográfica do mar.
O professor Kleber Miranda comenta sobre o retorno positivo proporcionado pelas Apiaqua’s. “Temos tido um retorno muito interessante, os alunos têm a possibilidade de atuar na área de maricultura para a realização do estágio obrigatório do curso de Aquacultura-UFMG e de atuar na área futuramente de forma profissional. Além disso, temos feito parcerias muito boas e o contato com a produção possibilita aos alunos uma formação bem melhor”.
Cintia Nakayama também destaca a receptividade e disponibilidade dos produtores e a importância disso para os alunos. “Os produtores nos recebem muito bem. É difícil encontrar um produtor que esteja disponível a abrir a sua propriedade e inserir o aluno no manejo, e nós temos conseguido isso. Para os alunos é muito importante o contato com a dinâmica que existe dentro das propriedades”.
A aluna Amanda Hastenreiter participou das duas primeiras Apiaqua’s e comentou sobre a experiência. “Acho muito importante a oportunidade de aprender na prática aquilo que nos é passado de forma teórica. Não temos acesso à toda a parte prática aqui no laboratório ou nas salas de aula, então é muito bom poder colocar a mão na massa durante as viagens. Os alunos também tem a oportunidade de conhecer outros campos, outras universidades, outras empresas”.
Cintia considera as aulas multidisciplinares, pois apesar de estarem inseridas em uma cultura, um cultivo e criação específicos, possibilitam a verificação de vários fatores simultaneamente, como a qualidade da água, o tipo de estrutura, o tipo de sistema de cada lugar visitado, entre outras coisas. Para a professora, as Apiaqua’s são importantes não apenas para os alunos, mas também para os próprios professores. “É muito gratificante, pois renovamos o nosso conhecimento. A Aquacultura é muito dinâmica, cada hora uma nova tecnologia é implementada. Então, também precisamos deste contato com o produtor para saber o que ele está precisando, o que está utilizando. É um aprendizado, temos a condição de trazer para as aulas teóricas informações mais atualizadas”.
Por serem disciplinas optativas, estão abertas a alunos de qualquer curso, mas existe um pré-requisito que é ter cursado as disciplinas de Pscicultura Marinha, Malacocultura e Carcinicultura. Cintia explica que o pré-requisito é importante porque os alunos precisam ter uma noção, por exemplo, dos termos técnicos e também conhecimento básico da produção de pescado marinho. Assim, terão como associar a teoria ao que é visto na prática durante as visitas.
A avaliação das disciplinas consiste em três etapas: relatório, avaliação oral e participação. “Os alunos precisam fazer um relatório sobre a viagem. Além disso, ao final das atividades, há uma reunião com avaliação oral. Também avaliamos a participação durante a viagem, considerando-se, postura profissional, assiduidade, horário e responsabilidade do aluno”, explica o professor Kleber.
Quanto aos custos da viagem, que tem duração de uma semana, a Escola de Veterinária financia o transporte. Os gastos com hospedagem e alimentação são por conta dos alunos. O próximo Apiaqua será no sul da Bahia, provavelmente em setembro deste ano.
Primeiro Apiaqua
Ocorreu no segundo semestre de 2012. As visitas foram a uma fazenda de camarão na cidade de São José do Norte (RS) e na cidade de Rio Grande (RS). Também foram visitados os Laboratórios de Carcinocultura e Piscicultura Estuarina e Marinha, localizados na Estação Marinha de Aquicultura (EMA) da Universidade Federal do Rio Grande-FURG (RS).
Segundo Apiaqua
Ocorreu no primeiro semestre de 2013 na cidade de Angra dos Reis (RJ). As visitas foram ao Instituto de Ecodesenvolvimento da Baia de Ilha Grande, unidade produtora de vieira (molusco). Além da Fazenda Marinha, pertencente à pousada Nautilus, com produção de peixe marinho bijupirá e vieira.
Terceiro Apiaqua
Ocorreu no segundo semestre de 2013 nas cidades de Cachoeiro do Itapemirim (ES), São Domingos do Norte (ES) e Alegre (RS). Em Cachoeiro do Itapemerim (ES), a visita foi ao laboratório Águas Claras Aquicultura que produz camarão de água doce. Em São Domingos do Norte (ES), a um frigorífico da cooperativa e fazenda de um associado que também produz camarão de água doce. Já na cidade de Alegre (ES), a visita foi ao setor de Aquacultura do Instituto Federal do Espírito Santo.
Quarto Apiaqua
Ocorreu no primeiro semestre de 2014 nas cidades Ubatuba (SP), Ilhabela (SP), São Sebastião (SP) e Guarujá (SP). A visita foi à criação de peixe marinho, na empresa Maricultura Itapema que produz e engorda juvenis de bijupirás, na cidade de São Sebastião. Na cidade de Ubatuba, a visita foi à base oceanográfica da USP. Em Ilhabela, foi à produção de bijupiras e garoupas. Já em Guarujá, houve uma visita monitorada ao Aquário do Guarujá.