O aluno Danilo Cavalcanti, que cursa o 9º período de Medicina Veterinária da UFMG, passou 2 meses e meio acompanhando o desenvolvimento de projetos do Instituto de Ciência Animal (Ica) em Cuba, que faz parte do complexo de instituições da Universidad Agraria de La Habana. Apesar de o instituto ter parceria com a UFMG, Danilo viajou por conta própria, já que o convênio estabelecido entre as instituições dos dois países contempla apenas docentes e estudantes de pós-graduação.
Em Cuba, Danilo teve contato com pesquisas e atividades de rotina dos diversos departamentos do instituto e focou o aprendizado nas áreas que mais atraíam seu interesse, agroecologia e extensão rural. Segundo o estudante, a agroecologia é muito forte no país. A atividade é multidisciplinar e se empenha em produzir alimentos com bases ecológicas, social e ambientalmente sustentáveis. Já a extensão rural diz respeito ao intercâmbio de conhecimento entre os trabalhadores do campo e os pesquisadores da universidade. “Queria aprender principalmente sobre a política alimentar do povo cubano, a questão da soberania e da independência em relação à produção de alimentos”, explica Danilo.
O estudante teve ainda a oportunidade de participar de duas semanas de extensão, que ocorrem mensalmente. Nestas semanas ele viajou para duas diferentes cidades cubanas. Em janeiro conheceu Bayamo, na província de Granma e em fevereiro Guantánamo, na província de Guantánamo. Nas duas viagens, o estudante pôde acompanhar os projetos realizados pelo ICA nestas localidades.
Um dos pontos fortes dos estudos no ICA cubano, segundo Danilo, é a produção de alimentos não convencionais para animais, como suínos, coelhos, aves e ruminantes. Resíduos de cana-de-açúcar ou restos de mandioca, que não serviriam para a alimentação humana, são convertidos em alimentos nutritivos para as criações animais, que posteriormente, servirão à alimentação das pessoas.
Para Danilo, a experiência foi produtiva e enriquecedora. Segundo ele, Cuba é um país forte em biotecnologia e a política alimentar consegue suprir as demandas da população, mesmo com todas as dificuldades geradas por embargos econômicos e a queda do bloco de países socialistas. “Sinto muita falta deste enfoque nos estudos do Brasil. Acredito que numa escola pública devemos pensar nas demandas sociais, mas o que se vê muitas vezes é o ensino voltado unicamente para o mercado. É preciso repensar os rumos do conhecimento gerado na universidade”, conclui.