Entre os dias 14 e 16 de setembro de 2021 foi realizada a 9ª edição do Congresso Brasileiro de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquaciência), considerado o maior evento técnico-científico da área de aquicultura e recursos pesqueiros do Brasil. o Congresso é promovido pela Sociedade Brasileira de Aquacultura e Biologia Aquática (Aquabio), presidida pela professora da EV-UFMG, Cíntia Nakayama. Além da professora Cíntia, que atuou como membro da comissão organizadora, os professores Ronald Luz e Gisele Favero, também da EV-UFMG, participaram da comissão científica.
Diferente das outras edições, o Aquaciência Digital 2021, foi realizado totalmente remoto, o que possibilitou a participação de muitos congressistas. Além disso, a premiação dos trabalhos de relevância foi realizada em data posterior ao evento, no dia 16 de dezembro de 2021. Na sessão pôster foram premiados aqueles que receberam a maior votação, a partir de uma consulta pública realizada pela Aquabio. Já para os trabalhos apresentados de forma oral, primeiramente os melhores trabalhos de cada sessão técnica (21 sessões) foram listados.
A partir de um comitê ad hoc foram definidos os melhores trabalhos do evento. A aluna do curso de mestrado em Ciência Animal, da EV-UFMG, Victória Pontes Rocha ficou com o 1º lugar com o trabalho intitulado “Sorotipagem de cepas de Lactococcus garvieae provenientes de diferentes espécies de peixe no Brasil”.
Desde que iniciou o mestrado, em maio de 2021, Victória tem desenvolvido experimentos relacionados ao projeto “Infecção por Lactococcus garvieae em espécies nativas de peixes: virulência, diversidade genética e avaliação da eficácia terapêutica com produtos comerciais”, sob a orientação do professor Guilherme Campos Tavares, do DMVP. Uma das etapas desse projeto é a avaliação da diversidade genética dos isolados de Lactococcus garvieae, oriundos de casos clínicos de doenças em peixes no país, especialmente de espécies nativas, como o surubim, pacamã, tambaqui e pirarucu.
No trabalho premiado, a aluna buscou caracterizar o sorotipo prevalente em isolados brasileiros dessa bactéria, a partir de uma reação de PCR que tem como alvo a região intergênica glxR-argS. A reação amplifica fragmentos de 285 ou 1285 pares de bases, que correspondem aos sorotipos I e II, respectivamente. “A identificação de sorotipos de patógenos tem uma grande importância em estudos epidemiológicos, visto que nos casos, das lactococoses em peixes, as taxas de mortalidade variam de média a alta conforme sorotipo, sendo o sorotipo II considerado o mais preocupante em pisciculturas asiáticas”, comentou o professor Guilherme.
Até a execução do estudo, não se conhecia o perfil de sorotipos de Lactococcus garvieae isolados de peixes no Brasil. Por fim, Victória evidenciou que todos os isolados analisados correspondiam ao sorotipo I. “Além da sorotipagem, outros métodos moleculares têm sido empregados para diferenciar geneticamente os isolados selecionados, como por exemplo, métodos baseados em gel agarose (REP-PCR), sequenciamento (MLST) e espectrometria de massas (MSP). Esperamos concluir esse estudo no primeiro semestre de 2022”, explicou Victória. O trabalho conta com a participação dos professores Carlos Augusto Gomes Leal e Henrique César Pereira Figueiredo, ambos do DMVP da EV-UFMG. Além disso, o projeto conta com a participação de professores da Universidade Nilton Lins, que atuam em conjunto com o professor Guilherme, mediante ao Programa de Cooperação Acadêmica, PROCAD/Amazônia, que fomenta pesquisas relacionadas à sanidade de tambaquis.
“Além da difusão de conhecimentos acerca da sanidade de animais aquáticos, que é um dos pilares para qualquer sistema de produção de qualidade, esse primeiro lugar, em um evento científico tão renomado na área de aquacultura, é crucial para que haja o reconhecimento da importância da pesquisa e dos trabalhos que a equipe do nosso laboratório vem desenvolvendo, de forma a contribuir para otimização das pisciculturas, através do conhecimento dos patógenos, suas características, para posteriormente criar bases mais eficazes para o controle das enfermidades. Assim, a parceria entre a universidade e os produtores se torna imprescindível para que seja possível deslanchar a piscicultura brasileira, de forma sustentável”, enfatizou a aluna.