“Não basta querer um animal, é preciso saber o que significa ter um”, afirma o professor Júlio Cambraia, um dos coordenadores do Projeto Agha (Ação Global Homem-Animal). E foi com base no preceito de estimular a posse responsável e realizar o controle da população de cães e gatos, que o projeto realizou intervenção, no dia 10 de novembro, no município de Lagoa Santa.
Durante o evento, foram realizadas avaliações do conhecimento dos proprietários a respeito da posse responsável, com perguntas sobre as condições dos animais e zoonoses. “Através dos questionários sabemos quais são as principais dúvidas dos proprietários. De acordo com essas dúvidas, iremos elaborar as palestras da última etapa do projeto”, explica a Jéssica Vasconcelos Souza, aluna do quinto período.
Além disso, foram feitos exames clínicos e laboratoriais dos animais para avaliar o risco cirúrgico das castrações, que acontecerão na segunda etapa do Agha. “Sabemos que a melhor forma de controle populacional é através da castração cirúrgica”, ressalta Júlio Cambraia. Embora as castrações sejam uma boa alternativa para solucionar o problema do abandono e da transmissão de doenças pelos animais, somente isto não resolve a questão. É preciso conscientizar a população sobre a guarda responsável dos animais de companhia.
Pensando nisso, o evento elaborou uma sessão de “cineminha” que exibia vídeos educativos sobre os cuidados que se deve ter com os cães e gatos. A sala fez muito sucesso entre os participantes, principalmente, as crianças. Além das sessões, o público presente teve a oportunidade de conhecer como é feita uma operação policial envolvendo animais, com a apresentação de três cachorros da polícia militar.
Ao final do dia, cerca de 50 cães foram cadastrados e tiveram o sangue coletado. Esse material será usado em exames de triagem para avaliar quais possuem condições adequadas de serem castrados.
Para o coordenador de zoonoses do município de Lagoa Santa, Gustavo Lopes Teixeira, o Agha tem importância fundamental por instituir a questão da posse responsável e começar a implementar a ação de controle populacional de cães e gatos na cidade. “O maior problema que podemos evidenciar no município é justamente o abandono dos animais nas vias e logradouros públicos. Além de causar acidentes de trânsito, eles transmitem várias doenças”,afirma. “A melhor forma de se fazer o controle é justamente instituindo essa consciência em relação aos cuidados básicos com os animais de estimação e realizar o controle populacional a médio e longo prazo”, diz o coordenador que pretende tornar a ação permanente no município.
A ideia do programa é expandir estes benefícios para várias cidades ao redor de Belo Horizonte. “As pessoas adquirem um animal de estimação sem algumas informações importantes. Isso pode causar um desequilíbrio enorme”, afirma Júlio.
O professor Luiz Lago, também coordenador do Agha, avalia os resultados da intervenção em Lagoa Santa como positivo. “Em termos de logística tudo funcionou bem, o evento foi bem estruturado e o atendimento dos animais foi feito com tranquilidade”, diz. Segundo ele, todos que compareceram ao evento estavam interessados e curiosos em relação às orientações sobre saúde dos animais. “Na verdade, desde a experiência em Juatuba, onde atendemos mais de 80 animais, não vimos nenhum cidadão que manifestasse algo negativo em relação ao projeto. Todos demonstram ganhar com o atendimento e aprender muito”, ressalta.
A próxima ação do Agha, que consiste na continuação da educação da população e na realização das cirurgias de castração, acontecerá no dia 24 de novembro na Escola Municipal Professora Mércia Margarida Lacerda Machado, localizada na Rua Tom Jobim, 305, Moradas da Lapinha, em Lagoa Santa.