A suspeita de ‘doença da vaca louca’ registrada em Belo Horizonte é, provavelmente, de uma linha ‘atípica’ da enfermidade e não tem risco à vida humana. Diferente da encefalopatia espongiforme bovina tradicional – nome científico da doença –, os sintomas demonstram que a forma da doença mais provável é uma variação. Na forma clássica, a ‘doença da vaca louca’ deixa os animais nervosos, sensíveis a sons e movimentos. No observado no Estado, o animal estava caído no chão, com dificuldade de movimento. 

A segunda forma é, na verdade, uma mutação espontânea que ocorre no sistema nervoso do bovino, cujas razões ainda são desconhecidas, que, em geral, acometem animais mais velhos, com mais de 10 anos de idade. A explicação é da professora da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais Maria Isabel Guedes.
 
“Se confirmado a atípica, será o quarto caso no Brasil. É uma proteína espontânea, que faz parte do tecido neurológico, que, por alguma razão, ao acaso, sofre uma transformação e não é mais degradada. Com isso, ela começa a se acumular e tem um efeito tóxico no sistema nervoso central. Temos encefalopatias em humanos que não se alimentaram de carne bovina, por mutações esporádicas, assim como nos animais. Apesar disso, os casos atípicos recebem o nome da família da doença por causa da característica genética dela”, diz a pesquisadora.
 
A possibilidade de que a doença afete seres humanos é praticamente zero. “Tem um pânico sendo criado e temos um efeito imediato na comercialização na carne bovina. Com a [forma] atípica, não há relato algum de humanos se infectando com essa proteína por consumo de carne de boi. No Brasil, nosso sistema de vigilância é bem eficaz. Se esse caso for confirmado, só temos outros três. O primeiro em 2012, o segundo 2014 e o último em 2019. Sempre em vacas mais velhas, identificados no Mato grosso e Paraná. Todos os animais que têm esses sintomas são levados para ser fazer o diagnóstico, mas ele nunca vai para a cadeia alimentar [consumo]”, completa. 
 
 
Caso 
 
Um caso suspeito de ‘vaca louca’ em um frigorífico de Belo Horizonte causou a paralisação no comércio internacional de boi gordo na Bolsa de Valores de São Paulo nessa quarta-feira (1) e fez com que o preço da arroba (15kg) tivesse uma queda de 4% no mercado internacional, chegando a R$ 297,65.
 
O animal teria apresentado sintomas em junho. Em um primeiro teste realizado, o resultado foi positivo para doença, mas o segundo, negativo. Resultados de um terceiro teste ainda são aguardados. A vaca que apresentou os sintomas suspeitos já foi sacrificada. O caso está sendo investigado pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 
 
 
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