Em entrevista à TV UFMG, professora da Escola de Veterinária explica os fundamentos do ‘cão comunitário’
O Cão Comunitário é um programa de manejo ético populacional que tem o objetivo de manter animais em situação de rua em uma comunidade, com pessoas dispostas a assumir os cuidados e garantir melhor qualidade de vida para esses animais, fornecendo alimento e carinho.
Em entrevista à TV UFMG, a professora da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais (UFMG) e coordenadora do Núcleo de Epidemiologia, Estatística e Saúde Pública (Neest), Danielle Magalhães, conta que o conceito de cão comunitário surgiu ainda na década de 1990, quando os especialistas em políticas públicas para animais perceberam que a eliminação de cães em situação de rua não era um método capaz de controlar sua população. Começou, então, esse programa de manejo ético populacional, em que o animal "adotado" pela comunidade recebe cuidados, é castrado e circula com coleira e microchip de identificação.
No Programa Cão Comunitário, após a definição dos tutores, o cachorro ou gato é recolhido pelo serviço público para ser examinado, castrado e vacinado. Após receber os cuidados veterinários, o animal retorna, e, em caso de doenças ou feridas, os responsáveis devem contatar o serviço público. O cão comunitário, diferentemente de um animal abandonado, recebe cuidados fixos e precisa, obrigatoriamente, estar castrado, com coleira e microchip de identificação.
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A professora afirma que o Programa Cão Comunitário é muito benéfico para os animais, pois, “ao invés de ficar dentro de um canil público, sofrendo pressão de muitos animais, superlotação, risco de doenças, ausência de convívio com seres humanos, esse animal fica então em uma comunidade vigiado por esses cuidadores”.
Embora Danielle Magalhães enfatize que o lugar de animais domésticos não é nas ruas, o número de adoções é extremamente baixo. “Os programas de manejo ético mostram que, de cada 100 animais recolhidos em situação de rua, menos de 15 são adotados.” Ela reforça que, ao invés de manter os animais sem chance de adoção em abrigos ou nas ruas, é preciso manter o animal saudável, em uma comunidade que cuide e se responsabilize por eles.
Por fim, a professora ressalta que os números de animais em situação de rua crescem no mundo inteiro devido ao abandono. Para Magalhães, a melhor forma de atenuar essa situação é o envolvimento de toda a sociedade por meio de educação e conscientização.