Dar carnes cruas para cachorros podem causar problemas para os animais e para as pessoas do convívio deles. Os dados constam em estudo inédito no Brasil, da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais (UFMG).
 
A pesquisa mostra que os cães que comem carne liberam até 28 vezes mais bactérias em suas fezes, incluindo a perigosa salmonella, que é uma contaminação já conhecida do grande público e poder levar seres humanos à morte.
 
O estudo apontou ainda a presença de outras doenças, a escherichia coli e a clostridium difficile. As duas apresentam grande potencial para provocar infecções no intestino humano.
 
Segundo os pesquisadores, os cachorros também podem adoecer por conta da presença de micro-organismos presentes na carne crua. E muitos donos pensam que, por ser um alimento natural, a carne crua pode ser utilizada sem preocupação.
 
Conforme o estudo, as bactérias liberadas nas fezes caninas podem chegar ao organismo por meio do contato físico dos animais com o dono.
 
A pesquisa analisou o perfil de 400 tutores de cães. Os resultados revelam que 70% dessas pessoas dão carne crua aos cachorros acreditando que isso propicia uma alimentação mais natural aos bichos.
 
Os dados mostram, ainda, que esses tutores não acreditam que a carne crua tem potencial para causar danos à saúde dos cachorros, tampouco das pessoas.
 
Professor da Escola de Veterinária da UFMG e um dos autores da pesquisa, Rodrigo Silva*, explica esse comportamento dos tutores e esclarece se os cachorros necessitam ou não da carne crua: "As pessoas acham que os cães são carnívoros, mas isso não é verdade, desde que foram domesticados, há mais de 10 mil anos, seus organismos sofreram alterações. Eles ainda precisam ingerir proteínas, mas isso não precisa vir da carne crua, pois ela traz riscos", diz em entrevista ao site da instituição da UFMG.
 
Ainda de acordo com o especialista, não existem estudos que defendam a ingestão de carne crua por cães. Além disso, o pesquisador ressalta que a Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais e o Centro de Controle de Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos já alertaram para os problemas de oferecer esse tipo de alimento aos cachorros. (Com informações do site da UFMG e revista encontro, na seção de pet)
 
Contraponto
 
Já o site Cachorro Verde, especializado em alimentação natural para cães, defende a inclusão de carne crua na dieta dos cachorros, desde que alguns cuidados sejam tomados. Um texto disponibilizado na página explica que, no caso da carne bovina, ela deve permanecer no freezer por, no mínimo, três dias (ou cinco dias, em congelador comum) antes de ser oferecida aos cães, para evitar risco de contaminações.
 
 
 
*Rodrigo Silva é professor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Escola de Veterinária da UFMG
 
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