Segundo Antonio Ademir Stroski, presidente do Ipaam, o envenenamento proposital como causa da morte das aves é o menos provável, apesar de não estar completamente descartado. O teste acusou sim agrotóxicos nos corpos dos pássaros, mas isso não pode ser apontado como fator principal da morte devido à alimentação dos periquitos-de-asas-brancas, que têm vida livre e se alimentam nos mais diversos locais.
De acordo com o laudo enviado ao Ipaam pela toxicologista mineira Marília Martins, foram encontrados "níveis residuais" de agrotóxicos nos cadáveres dos periquitos, o que indica que pode ter havido contaminação por alimentos, já que as substâncias identificadas são comumente achadas em frutas, grãos ou produtos agrícolas. O laudo descartou, ainda, intoxicação por venenos tradicionais, como para ratos ou "chumbinho".
"O Ipaam está buscando o que de fato aconteceu, para poder atribuir responsabilidades. Não se pode esquecer que temos uma população viva da espécie e estamos adotando medidas para protegê-la", disse Stroski.
O Instituto trabalha com três linhas de investigação: envenenamento, que ainda vai contar com análises mais profundas; atropelamento; e doenças microbiológicas. A análise estava sendo feita no laboratório de toxicologia da UFMG porque, segundo o Ipaam, o Amazonas não possui laboratório de toxicologia veterinária.
A universidade está em período de férias, mas cinco profissionais, sendo quatro veterinários e um químico, trabalharam nas pesquisas de substâncias nas amostras dos periquitos de asas brancas. O exame toxicológico é capaz de identificar indícios de exposição ou ingestão de produtos tóxicos ou substâncias causadoras de intoxicação.
As investigações devem continuar em andamento no Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária da UFMG. Descartada a hipótese de envenenamento por raticidas, o Instituto quer estudar se houve atropelamento ou se a morte em massa dos animais foi causada por alguma espécie de doença viral.
Em seu relatório, o Ipaam lista um conjunto de medidas a serem adotadas em parceria com o governo. Veja, na íntegra, as sugestões do órgão:
– Consultar Manaustrans sobre possível redução de velocidade no trecho da av. Ephigênio Sales que corresponde a área usasa pelas aves como abrigo;
– Poda de árvores localizadas no canteiro central da avenida – essa medida começou a ser executadas ainda neste sábado;
– Produção de folheto alusivo à espécio para ser distribuido nos condominios e empreendimentos no entorno;
– Colocação de painel proximo a parada de ônibus e banner com informações importantes para a proteção dos animais.
Entenda o caso
No dia 27 de novembro, mais de 200 periquitos apareceram mortos em plena avenida Ephigênio Salles, no bairro Adrianópolis, Zona Centro-Sul. O caso causou revolta na população e principalmente nos protetores de animais, que acreditam na hipótese de envenenamento. Dois dias depois, uma manifestação reuniu cerca de 300 pessoas, cobrando investigação por partde de órgãos ambientais.