Dra. Érica Azevedo Costa, médica veterinária, virologista e professora adjunta no departamento de Medicina Veterinária Preventiva da UFMG

Os coronavirus causam infecções respiratórias e intestinais em animais e humanos. Eles não foram considerados altamente patogênicos para os seres humanos até o surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) em 2002 e 2003 na província de Guangdong,China, uma vez que os coronavirus que circulavam antesdesse período em humanos causavam principalmenteinfecções leves em pessoas imunocompetentes. Dezanos após a SARS, outro coronavirus altamente patogênico, o coronavirus da Síndrome Respiratória do OrienteMédio (MERS-CoV), surgiu em países do Oriente Médio.

Os dois vírus altamente patogênicos, SARS-CoV e MERS-CoV, causam síndrome respiratória grave em humanos, e os outros quatro coronavirus humanos já identificados (HCoV-NL63, HCoV-229E, HCoV-OC43 e HKU1) induzem apenas doenças respiratórias superiores leves, parecida com um resfriado, em pessoas imunocompetentes, embora alguns deles possam causar infecções graves em bebês, crianças pequenas e idosos.
 
Com base em estudos do material genético viral, todos os coronavirus humanos têm origem animal: SARS-CoV, MERS-CoV, HCoV-NL63 e HCoV-229E são considerados originários de morcegos; HCoV-OC43 e HKU1 provavelmente se originaram de roedores. Os animais domésticos podem ter papeis importantes como hospedeiros intermediários que permitem a transmissão do vírus dos hospedeiros naturais para seres humanos. Além disso, os próprios animais domésticos podem sofrer doenças causadas por coronavirus transmitidos pelos morcegos.
 
O que tem sido aceito hoje em dia como origem e evolução dos coronavirus patogênicos humanos, pelos pesquisadores, é que o progenitor direto é produzido por recombinação em morcegos e depois transmitido a hospedeiros animais, considerados hospedeiros intermediários, nos quais o vírus adquire novas mutações antes da transmissão para os humanos. Sugere-se que a transmissão entre os hospedeiros, seja feita por transmissão fecal-oral. Os coronavirus de morcegos tem sido detectados frequentemente em suabe anal de morcegos, provavelmente sendo transmitidos aos hospedeiros intermediários por contato direto com as fezes dos morcegos. Os hospedeiros intermediários podem transmitir para os humanos, possivelmente através do contato com secreções nasais dos animais.
 
No caso da SARS, os hospedeiros intermediários foram os civetas (mamífero silvestre também chamado de gato selvagem, que estava sendo vendido nos mercados de carne da China) e no caso da MERS, foram os camelos (dromedários). Especula-se que no caso do novo coronavirus de 2019, o hospedeiro intermediário seja o pangolim (mamífero silvestre também chamado de tamanduás escamosos), que também estava sendo vendido nos mercados de carne. Provavelmente, esses animais silvestres chegaram no mercado já infectados pelo coronavirus, que foi transmitido para outros animais e para as pessoas que manipulavam esses animais.
 
Medidas gerais de higiene e prevenção
 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma das maneiras mais eficazes e simples de evitar doenças infectocontagiosas, como a Covid-19, gripe, resfriado e até diarreias é pelo o hábito de lavar as mãos corretamente com água e sabão, por 40 a 60 segundos, ou álcool em gel em concentrações iguais ou superiores a 70%, por 20 a 30 segundos, não se esquecendo de espalhar bem o produto e limpar as regiões entre os dedos e ao redor das unhas.
 
Ainda não é possível afirmar quanto tempo o novo coronavirus sobrevive na superfície ou no ar, segundo a OMS. Mas pesquisadores afirmam que ele parece se comportar igual aos outros tipos de coronavirus, podendo persistir nas superfícies inanimadas como metal, vidro ou plástico por 2 horas até 9 dias. Isto pode variar e depende das condições do local, do clima e da umidade do ambiente. 


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