A Integração Lavoura-Pecuária (ILP) tem se mostrado uma estratégia para convicência com as incertezas climáticas. O sistema integrado de produção, ao diversificar culturas e atividades pecuárias, diminui os riscos de perdas econômicas nas propriedades. O Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG), Ramom Alvarenga, explica que o sistema tem garantido bons resultados, mesmo em anos com grandes períodos de estiagem.
"Ao recuperar a capacidade produtiva dos solos, as lavouras e pastagens tornam-se mais produtivas. É feito a correção de perfil do solo, com monitoramento da fertilidade, uso estratégico de corretivos e fertilizantes. Assim, as raízes crescem em profundidade e podem explorar melhor a água e os nutrientes", informou. Segundo ele, é usado o sistema de plantio direto, que ajuda na infiltração e na conservação da água no solo, com a proteção feita pela palhada. "Dessa forma, as plantas conseguem se manter sem perda significativa de produtividade, mesmo com ocorrência de veranico", explicou.
Sorgo – Ramom afirma que o planejamento é o ponto de partida para que o produtor possa mudar a própria realidade. É preciso melhorar a gestão da propriedade, estar disposto a diversificar culturas. Um exemplo é a adoção do sorgo para a produção de silagem. "A tradição na região Central de Minas sempre foi de silagem de milho, mas o sorgo tem se mostrado uma boa opção por ser mais tolerante a estiagens", comenta. O pesquisador também indica a escolha de capins mais produtivos para as pastagens. "É preciso organizar a produção para atender as demandas da fazenda e gerar excedentes comercializáveis".
A Unidade de Referência Tecnológica de ILP instalada na Embrapa Milho e Sorgo tem 22 hectares dividos em quatro glebas, onde é feita a rotação dos seguintes cultivos: soja, milho consorciado com capim, sorgo com capim e pastagem. No sistema, há também gado de corte.
O sistema de rotação oferece diversas vantagens tanto para a agricultura quanto para a pecuária. Neste ano, com o período prolongado de estiagem, a silagem de sorgo produzida está sendo usada na alimentação dos bezerros que, caso estivessem em pasto, perderiam peso. Ou seja, a forragem gerada no próprio sistema permite que os animais possam manter o padrão de crescimento. "Se tivéssemos um ano dentro dos padrões normais de chuva, essa silagem seria comercializada. Mas, com a seca, a forragem garante a alimentação dos bezerros num período importante", explica Ramom.
Recria – "A fase de recria, muitas vezes, é negligenciada pelo produtor. Trata-se de uma fase que não gera renda imediata, mas é extremamente importante", afirma Leandro Sâmia, professor de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais (UFMG).
Nesse período, os bezerros ganham tecido muscular e têm crescimento ósseo. "Muitos produtores deixam de investir na alimentação nessa fase pensando no ganho compensatório. Mas o tempo que leva para o animal ganhar depois o peso que perdeu não compensa. Priorizar uma fase metabolicamente eficiente encurta a idade de abate. Então um trabalho de recria bem feito contribui para uma pecuária mais intensiva, para o uso mais eficiente da terra e maior geração de receita", explica o professor. Com informações da Embrapa.
*Leandro Sâmia é professor de zootecnia na Escola de Veterinária da UFMG.