Belo Horizonte poderá ter um hospital veterinário municipal. O projeto de lei que autoriza a criação da unidade recebeu parecer favorável da Comissão de Saúde e Saneamento da Câmara nesta terça e será apreciado pela Comissão de Administração Pública. Se aprovada posteriormente em plenário, a proposta possibilitará a construção do local, destinado a atender cães, gatos e bichos de pequeno porte gratuitamente. Demanda antiga de ativistas da causa animal, a iniciativa é alvo de críticas de quem acredita que a cidade tem prioridades orçamentárias mais relevantes.
De autoria do vereador Leonardo Mattos (PV), o projeto prevê a priorização do atendimento a bichos abandonados e encaminhados por entidades de proteção, mas também propõe que sejam recebidos animais cujos donos tenham renda familiar igual ou inferior a dois salários mínimos e morem na capital. Segundo a proposta, o hospital – ou clínica – seria custeado pelo Executivo e realizaria castrações, imunizações, partos, primeiros-socorros, cirurgias, internação e consultas.
Mattos defende que atender os bichos é questão de saúde pública. “Devemos ter 300 mil animais em Belo Horizonte, 30 mil deles nas ruas. Vetores de muitas doenças, eles precisam ser tratados”, afirmou.
Voluntária da causa animal, a advogada Val Consolação afirma que a demanda em Belo Horizonte é muita e que a cidade está atrasada em relação ao contexto mundial. “O ideal é que esse hospital público veterinário já funcionasse”.
Ela defende que o hospital seja exclusivo para pessoas de baixa renda. “Quando o animal é atropelado, envenenado ou está doente, é abandonado por quem não tem condição de levá-lo ao veterinário”, observa.
Debate. Professor de contabilidade governamental do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Thiago Borges pondera que, mesmo se o texto for aprovado, a prefeitura não deve priorizar o projeto. “Sabendo-se da realidade do setor de saúde em Belo Horizonte e das reclamações da população, dificilmente um projeto desses teria execução prioritária”.