A produção pecuária, antes baseada em pastagens nativas, evoluiu, por meio das novas tecnologias, para a aplicação de gramíneas melhoradas

O resultado é o aumento da produtividade de maneira sustentável e sem expandir as fronteiras. Isso contribui para a ampliação da oferta de alimentos, questão cada vez mais importante com o crescimento da população mundial.

O melhoramento genético das gramíneas é um ramo em que há sempre pesquisas e estudos. Os pesquisadores buscam características nessas gramíneas que podem ser melhoradas e que favorecem a pecuária moderna. “Pensando na prática, hoje é muito mais importante a identificação das gramíneas que já estão no mercado para saber usá-las bem, do que o lançamento de novas. É possível observar a má utilização delas no campo, muitas vezes devido a falta de conhecimento do produtor, da cultura de adubação, do manejo correto ou de uma assistência técnica mais específica”, explica o professor Diogo Gonzaga Jayme, do Departamento de Zootecnia.

Gramíneas melhoradas são plantas que passaram por um trabalho de seleção genética a fim de selecionar as que apresentam alguma característica vantajosa para a produção, como maior resistência a pragas e valor nutricional superior.

Essas gramíneas são empregadas no Brasil desde a década de 60 e a grande maioria têm origem africana, devido a ampla diversidade natural do continente. Essas regiões de abundante biodiversidade possuem um extenso “banco genético” de gramíneas nativas, onde os pesquisadores coletam acessos de diferentes cultivares para estudos.

Melhoramento

O melhoramento envolve a seleção, o cruzamento e a identificação da espécie mais adequada para responder a uma pecuária mais moderna e com produtividade maior. Depois desse processo, são realizados vários testes, como de germinação de sementes e de resistência, com o intuito de verificar a eficácia do produto antes de sua comercialização.

“Devemos ficar atentos ao fato de que quando ocorre o lançamento de uma nova gramínea é apenas mais uma opção de escolha, não significa que o novo é melhor do que os outros já existentes. O melhoramento é realizado em torno de alguma característica da planta que vai ser utilizada em um sistema de produção específico, preenchendo certas lacunas que ainda existem na agropecuária”, esclarece o professor.

Os principais benefícios do melhoramento são produtividade maior, valor nutritivo mais alto, e resistência ao clima e a pragas. Contudo, a planta melhorada geneticamente torna-se mais sensível ao ambiente e por causa da maior produção, a extração de nutrientes do solo aumenta, demandando mais cuidado, principalmente, com o aporte de nutrientes.

No país predominam as gramíneas dos gêneros Brachiaria, utilizada principalmente pela produção de matéria seca bem distribuída ao longo do ano; Panicum, excelente produtora e com valor nutritivo mais alto, porém sua criação é mais concentrada nas águas, acarretando, na seca, uma deficiência de forragem ao produtor; e Cynodon, gênero botânico de gramas que cobrem o solo, como as usadas em campos de futebol.

Devido ao clima e ao regime hídrico das estações, o pecuarista emprega espécies variadas de gramíneas melhoradas distribuídas ao longo do ano, para manter constantemente a produção e atender a demanda alimentícia dos animais. “O produtor deve escolher entre as gramíneas que passaram por algum processo de melhoramento, qual se adapta melhor à espécie e à faixa etária da sua criação, visto que algumas não são palatáveis para certos animais. Como por exemplo, a grande maioria das gramas do gênero Brachiaria que apresenta baixa palatabilidade para os equinos”, afirma o professor Diogo.

Inovação e Parceria

“A novidade mais recente no mercado é o capim-paiaguás, uma nova espécie de Brachiaria, desenvolvido pela Embrapa em parceria com outras instituições”, destaca Diogo. De acordo com o site da Embrapa, a gramínea, indicada para pastagens em solos de média fertilidade nos cerrados, mostrou ter elevado potencial de produção animal no período seco, com alto teor de folhas e bom valor nutritivo.

O programa de melhoramento genético do sorgo, da Embrapa Milho e Sorgo, conta com a participação da Escola de Veterinária da UFMG, que avalia e fornece um embasamento para o lançamento do produto no mercado.

Fonte:  Escola de Veterinária da UFMG/ Foto: VET UMFG

*Diogo Gonzaga Jayme é professor do Departamento de Zootecnia (DZOO) da Escola de Veterinária da UFMG.

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