Por Luiz Antonio Cintra
Uma mulher de 76 anos morreu nesta semana na Espanha em decorrência da Febre do Nilo Ocidental (FNO), infecção causada por um vírus do gênero Favivirus , semelhante a dengue e chicungunya, que pode também afetar animais, principalmente equinos .
Em maio deste ano, um caso foi registrado no Tocantins, sem registro de óbito associado ao vírus. Transmitido por picada de pernilongos infectados, os mosquitos culex, o vírus tem nas aves silvestres seus hospedeiros naturais.
Segundo o Ministério da Saúde , no caso de seres humanos, as infecções graves causadas pelo vírus são registradas com maior frequência em pessoas idosas e imunodeprimidas – são raríssimos os casos fatais, sendo que cerca de 1% dos infectados chegam a apresentar problemas neurológicos.
No caso dos equinos , de acordo com a professora Érica Azevedo Costa , da Escola de Veterinária da UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG), entre 30% e 40% dos equinos infectados desenvolvem problemas neurológicos – índice semelhante à taxa de letalidade entre esses animais.
Nos últimos anos, diz a professora da UFMG, foram registrados casos no Sudeste , no Sul e no Nordeste do país, em Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais , São Paulo, Paraná, Piauí e Ceará. Neste ano, não há registro.
“Os equinos funcionam como sentinelas, servem para indicar a circulação do vírus em determinada região. O maior problema dos veterinários é que não existe distinção entre os sintomas da raiva e da febre do Nilo, são praticamente iguais“, diz a professora.
Como identificar?
Os produtores em geral identificam tremores nos animais, paralisia ou fraqueza dos membros anteriores ou posteriores.
De acordo com a Secretaria de Agricultura de São Paulo , a taxa de letalidade nos equídeos é de 30% a 40%, com possibilidade de recuperação após sete dias dos sintomas clínicos. A secretaria informa ainda que o primeiro caso da Febre do Nilo Ocidental foi registrado em 2011.
Assim como os seres humanos, os equídeos são considerados hospedeiros acidentais e terminais, como diz o ministério, já que as infecções nestes casos ocorrem em níveis insuficientes para transmissão em outros seres vivos.
Sintomas em humanos
Pesquisas indicam que 80% dos infectados não apresentam sintomas. Febre aguda e abrupta, acompanhada de mal-estar generalizado, dores musculares e nos olhos, náuseas e vômitos podem servir de alerta, de acordo com o Ministério da Saúde .
O período de incubação costuma variar de três a 14 dias após a picada do transmissor. Os casos graves podem atingir o sistema nervoso central, provocando encefalite e meningoencefalite.
O diagnóstico mais rápido é realizado a partir de exame sorológico, que deve ser coletado a partir do quinto dia após o início dos sintomas.
Como prevenir?
” Em outros países já existe vacina para os cavalos, mas ainda não é produzidaa no Brasil, apesar de o uso estar autorizado“, diz a pesquisadora, que em 2018 liderou o grupo de pesquisa da UFMG que identificou o primeiro caso confirmado em equinos no país.
Assim como no caso da dengue ou da chikungunya, a prevenção para a Febre do Nilo Ocidental ocorre com o controle da população dos pernilongos transmissores nos ambientes e evitar a exposição dos animais nos períodos mais críticos , logo cedo e no fim da tarde.
No caso de humanos, também é recomendado o uso de repelentes.
Qual é o tratamento para a Febre do Nilo?
No caso de seres humanos, não há vacina ou tratamento antiviral específico para a Febre do Nilo Ocidental, de acordo com o Ministério da Saúde. Analgésicos podem ser usados para aliviar as dores de cabeça e musculares, desde que recomendados por médicos.
Em casos graves, recomenda-se a internação hospitalar.