Quatro meses após a morte do maior desses répteis já visto na Pampulha, estudiosos tentam avaliar seu impacto no reservatório e o que permitiu que o animal chegasse aos 3,2 metros
A morte do maior jacaré já visto na Lagoa da Pampulha deixou impressionados funcionários do Parque Ecológico, da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte e os cientistas da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais (UFMG), quando o cadáver do réptil com cerca de 3,2 metros e aproximadamente 100 quilos foi encontrado boiando. Isso porque, mesmo naquele ambiente poluído há décadas, o réptil, que é da espécie jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) se desenvolveu superando a média máxima de 3 metros de indivíduos encontrados na natureza e se aproximando dos maiores exemplares de cativeiro, que chegaram a 3,5 metros, um desenvolvimento que ainda intriga os estudiosos, que se debruçam também sobre outros mistérios em torno do réptil “gigante”. Ainda não se sabe qual a causa da morte do jacaré nem os impactos que ela pode levar à dinâmica territorial desses répteis que estão no topo da cadeia alimentar do ecossistema do reservatório belo-horizontino, sendo necessários estudos complementares e mais aprofundados, já que não há literatura oficial disponível sobre o tema na capital mineira. As estimativas da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte são de que haja mais de 20 jacarés na Pampulha.
De acordo com Eder Aguiar Faria Júnior, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Veterinária da UFMG, o jacaré é um dos animais mais antigos da Pampulha, uma vez que a espécie pode chegar aos 50 anos, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “Não foi possível determinar exatamente a idade do animal, mas se trata de um jacaré mais velho. O tamanho também intriga. A Lagoa da Pampulha é um ambiente muito modificado e ainda é preciso determinar se algum fator específico possibilitou o crescimento desse espécime”, disse.
O pesquisador espera que estudos que vêm sendo realizados pela Escola de Veterinária possam futuramente responder a essas perguntas e mostrar como esse animal, que é parte da vida selvagem de Belo Horizonte, vive, se reproduz e sua importância para o ecossistema. “Sabemos que os jacarés escolhem normalmente as melhores áreas possíveis para a postura de ovos e para a captação de energia pelo sol, mas só com mais estudos saberemos essas e outras particularidades, como por exemplo, como a população de jacarés vai reagir agora que o maior deles não está mais presente. Saberemos qual era a sua importância e o seu papel dessa forma”, disse Eder Júnior.